Economia

Setor de veículos deve cortar em julho projeções de 2014

Expectativa da Anfavea é de crescimento de 1,4% no volume produzido este ano e de 1,1% nos licenciamentos de veículos

Trabalhador na linha de montagem da fábrica da GM em São Caetano do Sul (Dado Galdieri/Bloomberg)

Trabalhador na linha de montagem da fábrica da GM em São Caetano do Sul (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2014 às 16h31.

São Paulo - A indústria brasileira de veículos deve fazer um ajuste para baixo em suas projeções deste ano, após um desempenho nos cinco primeiros meses bem abaixo do esperado pelo setor.

As montadoras instaladas no Brasil acumulam queda de mais de 13 por cento na produção de janeiro a maio que tem se refletido em programas de demissão voluntária e de suspensão de contratos de trabalho. Já as vendas no período mostram queda de 5,5 por cento.

A expectativa da Anfavea, associação que representa o setor, por enquanto, é de crescimento de 1,4 por cento no volume produzido este ano e de 1,1 por cento nos licenciamentos de veículos.

Além das quedas de produção e vendas, as exportações mostram baixa de 32 por cento em unidades despachadas ao exterior ante expectativa do setor de aumento de 1,6 por cento neste ano.

"Provavelmente, no mês de julho, faremos um ajuste nas projeções (...) O viés é de baixa geral", disse o presidente da Anfavea, Luiz Moan, nesta quinta-feira.

Apesar disso, ele afirmou que não compartilha do "mau humor vigente no mercado", acrescentando que espera que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresça perto de 2 por cento este ano.

Em maio apenas, a produção de veículos no Brasil caiu 18 por cento, no terceiro recuo consecutivo na comparação anual. Enquanto isso, as vendas caíram 7,2 por cento.

Com esse resultado, o setor encerrou o mês com estoques de 400 mil veículos distribuídos entre concessionárias e pátios de fábricas, alta de 1,8 por cento sobre abril. Em dias úteis, este volume é suficiente para 41 dias de vendas, nível considerado elevado pelo setor.

Segundo Moan, a fraqueza nas vendas no mercado interno pode ser atribuída a baixos índices de confiança dos consumidores e "seletividade" dos bancos na concessão de financiamentos para compra de novos.

O setor chegou a discutir com o governo federal opções para destravar o crédito, mas uma fonte ligada à área econômica e que acompanha as discussões afirmou à Reuters na quarta-feira que o governo desistiu de adotar medidas para fomentar os financiamentos.

A avaliação foi de que as ações em estudo não gerariam efeito imediato na ampliação do crédito.

Argentina

Moan afirmou que a prioridade da Anfavea agora é ajudar o governo federal a acertar o acordo automotivo com a Argentina de modo a impulsionar as exportações brasileiras que têm enfrentado medidas de restrição geradas pela crise cambial vivida pelo país vizinho.

Segundo ele, um acordo pode ser anunciado já na próxima semana.

A Argentina é o principal destino das exportações brasileiras de veículos, que, por sua vez, são responsáveis por 18 por cento da produção nacional.

O presidente da Anfavea voltou a afirmar que o setor não tem discutido com o governo medidas de incentivo às vendas no mercado interno via manutenção das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Ele disse ainda que "oficialmente" a posição dada pela equipe econômica do governo federal às montadoras é de que o tributo retornará a seu nível normal no início de julho.

O IPI dos carros 1.0 foi reduzido de 7 para 0 por cento entre maio e dezembro de 2012, período em que as vendas tiveram forte crescimento no país.

Depois disso, a alíquota sofreu elevação no início de 2013 e voltou a subir no início deste ano, passando a 3 por cento, ao mesmo tempo em que o mercado interno foi reduzindo o passo.

O cronograma prevê que o IPI suba de 3 para 7 por cento no início de julho deste ano, no caso dos carros 1.0, mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou na quarta-feira que o aumento pode ser gradual.

Em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), em Brasília, nesta quinta-feira, o presidente do grupo Fiat para América Latina, Cledorvino Belini, afirmou que uma eventual decisão do governo para uma elevação mais gradual do IPI será benéfica.

A reunião ocorreu com participação de Mantega e da presidente Dilma Rousseff, além de representates do setor privado.

"Estamos aguardando o ministro (...) O Brasil tem carga tributária mais pesada no setor automotivo. Entendemos a preocupação do governo (em reduzir estímulos ao setor), mas é preciso entender o somatório dos impostos", disse Belini a jornalistas após a reunião.

Segundo Moan, um aumento de um ponto percentual no IPI tem impacto de 1,1 ponto no preço dos veículos e de 1,9 ponto nas vendas.

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