PMI: redução da produção e dos empregos, em um cenário de consumo baixo, impacta setor de serviços (Nacho Doce/Reuters)
Reuters
Publicado em 5 de junho de 2019 às 11h53.
Última atualização em 5 de junho de 2019 às 12h19.
São Paulo — A contração do setor de serviços do Brasil se intensificou em maio, em meio a uma redução da produção e dos empregos, em um cenário de consumo baixo e incertezas políticas, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta quarta-feira.
O PMI de serviços do Brasil caiu a 47,8 em maio, de 49,9 em abril, indo ainda mais abaixo da marca de 50, que separa crescimento de contração, informou o IHS Markit.
"A recuperação pós-eleição no setor de serviços se esvaiu em maio, com os consumidores e as empresas cada vez mais cautelosos com seus gastos em meio a preocupações sobre impasses políticos e seu impacto na economia, além do câmbio", explicou a economista do IHS Markit Pollyanna De Lima.
Com a indústria se aproximando da estagnação em maio, o PMI Composto do Brasil caiu em maio para 48,4, de 50,6 em abril.
O volume de negócios do setor de serviços permaneceu em território de crescimento, com os entrevistados citando programas de fidelidade para obterem novos trabalhos. Mas o volume foi ao nível mais fraco da atual sequência de oito meses de expansão, com o cenário dificultado pelo otimismo contido e pelas incertezas políticas.
A demanda proveniente do exterior piorou pelo terceiro mês seguido, com as vendas para fora do país recuando no ritmo mais acentuado desde outubro.
O cenário fraco em geral levou a cortes de funcionários no setor de serviços brasileiro em maio pelo terceiro mês, tendo somente o subsetor de Finanças e Seguros contrariado a tendência. Os empresários citaram capacidade ociosa, demanda fraca e tentativas de cortes de gastos como motivos para as demissões.
As despesas operacionais também aumentaram em maio, com relatos de preços mais altos de materiais básicos, alimentos, combustíveis e remédios. A inflação do custo de insumos permaneceu perto da máxima em cinco meses registrada em abril.
A pesquisa mostrou que quase 10% dos prestadores de serviços repassaram parte das cargas adicionais de custo aos clientes, mas as empresas restantes ofereceram descontos ou mantiveram seus preços diante das pressões competitivas.
Embora as empresas tenham mantido o otimismo em relação às perspectivas de 12 meses, o nível foi o segundo menor registrado no ano até agora. Mas ainda há expectativas de condições melhores, reformas estruturais, de vendas online mais altas e de novas parceiras.