Economia

Setor de material didático prevê estagnação até 2017

Com a crise econômica, o setor pode perder fôlego com parte do público comprador recorrendo a material reutilizado ou a livros disponíveis em sebos


	Estudante escrevendo no caderno com borracha: verba do Ministério da Educação foi diminuída em 9,4 bilhões de reais
 (Getty Images/EXAME.com)

Estudante escrevendo no caderno com borracha: verba do Ministério da Educação foi diminuída em 9,4 bilhões de reais (Getty Images/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2015 às 13h13.

Rio de Janeiro - O segmento de materiais didáticos deve ficar estável pelo menos nos próximos dois anos, e um impulso das empresas do setor pode depender de fusões, segundo o presidente da entidade de classe Abrelivros, Antonio Luiz Rios da Silva.

"Temos expectativa de manutenção do tamanho do mercado nos próximos anos. A crise afeta o setor editorial de alguma forma, embora livros e materiais escolares sejam bens de primeira necessidade", disse o executivo, que também é presidente da editora FTD.

Segundo ele, a redução da taxa de natalidade no Brasil nos últimos anos foi compensada pelo crescimento da classe média.

Com a crise econômica, o setor pode perder fôlego, disse Silva, com parte do público comprador recorrendo a material reutilizado ou a livros disponíveis em sebos.

"Isso tende a aumentar um pouco, mas não deve te um reflexo importante. A gente acredita em manutenção do mercado", afirmou.

De acordo com a Abrelivros, o setor teve faturamento de 3,5 bilhões de reais em 2014, considerando livros didáticos e sistemas de ensino.

Quarenta por cento das vendas foram para a rede pública. Silva acredita que o ajuste fiscal do governo federal não deve prejudicar a compra de livros pelas escolas públicas.

A exceção seria o Estado de São Paulo, que já informou que não terá novos livros de literatura em 2015. O governo federal anunciou em maio corte no Orçamento de 2015 de 69,9 bilhões de reais.

A verba do Ministério da Educação foi diminuída em 9,4 bilhões de reais.

Além disso, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), de empréstimos subsidiados pelo governo para que alunos paguem o ensino superior em instituições privadas, restringiu vagas e ofereceu pouco mais de 250 mil novos contratos no primeiro semestre, ante expectativa de associações do setor de 500 mil.

Em meio a esse cenário, grandes empresas do setor vem apostando em crescimento não orgânico. A Abril Educação anunciou há alguns dias a compra dos negócios de educação básica, técnica e superior do grupo Saraiva, em um acordo de 725 milhões de reais.

"O setor de material didático de certa forma é um segmento que cresce a taxa vegetativas, é um setor maduro", disse SiLva. "A forma de crescer é através de fusões e aquisições para tentar buscar ganho de escala."

O executivo acrescentou que o grande número de competidores no mercado --cerca de 30 editoras no país-- favorece fusões. Atualmente, FTD, Abril (dona da Ática e Scipione), Saraiva e SM detêm juntas 80 por cento do mercado, segundo a Abrelivros.

Silva não acredita que novos produtos possam impulsionar o crescimento do setor, enquanto o conteúdo digital ainda representa "um traço" no faturamento das empresas. "Já tem muita oferta de soluções digitais e plataformas, mas o mercado não está conseguindo transformar isso num modelo de negócio", afirmou.

Segundo ele, as escolas ainda não aceitam pagar mais caro por produtos digitais, além do preço do material físico.

Ao mesmo tempo, uma possível futura substituição de livros impressos por digitais não deve incrementar a receita das empresas do setor. Ainda assim, melhoraria margens por redução de custos com estoques e logística.

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