Economia

Setor de cana precisa de pacote, diz consultor

Com 67 usinas em recuperação judicial e 60 bilhões de reais em dívidas, o setor sucroenergético precisa de um novo programa, diz consultor


	Cana de açúcar: com dívidas, setor sucroenergético precisa de novo programa, diz consultor
 (Getty Images/Getty Images)

Cana de açúcar: com dívidas, setor sucroenergético precisa de novo programa, diz consultor (Getty Images/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2014 às 10h09.

Sertãozinho - Com uma dívida de R$ 60 bilhões e 67 usinas em recuperação judicial, o setor sucroenergético precisaria de um novo Programa Especial de Saneamento de Ativos (Pesa) e até 20 anos para ser restabelecido, na avaliação de Marcos Françóia, sócio e diretor da MBF Agribusiness. "O governo é o maior credor, com a dívida dos impostos, e tem de ajudar o setor", disse Françóia, durante seminário do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise), em Sertãozinho (SP).

O Pesa foi criado em 1998 e os produtores de açúcar e etanol conseguiram prorrogar as dívidas por até duas décadas, com juros de 3% ao ano. "O problema é que muitas empresas não honraram a dívida por incompetência na gestão, e não por problema financeiro", afirmou o consultor. Portanto, ele considera que a crise financeira de 2008, com mais de 30 usinas em recuperação judicial nos dois anos seguintes, era sistêmica e agravou a situação financeira do já combalido setor produtor de açúcar, etanol e energia.

Das 67 usinas em recuperação judicial, 38 estão no Sudeste, 14 no Nordeste, 13 no Centro-Oeste e duas no Sul, onde a produção se resume basicamente ao Paraná. Os dados da MBF apontam que quase 83% dessas usinas têm dívidas acima de R$ 100 por tonelada de cana processada, valor correspondente ao faturamento médio do setor, e em algumas a dívida supera R$ 400 por tonelada de cana.

A crise trouxe, segundo a MBF, a demissão de 100 mil trabalhadores diretos e outros 200 mil indiretos em um setor que emprega 1,5 milhão de pessoas diretamente e 2,5 milhões indiretamente. "Portanto, não adianta melhorar preço (dos combustíveis), porque qualquer política econômica daqui pra frente não vai melhorar o setor", afirmou Françóia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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