Economia

Setor automotivo tem ociosidade superior a 30%, indicam dados da FGV

A recuperação tem sido impulsionada pelo auxílio emergencial, exportações e mudança no padrão de consumo das famílias durante a pandemia, mas ainda é heterogênea

O complexo industrial integrado de Camaçari reúne grupos de grande porte, como a montadora Ford, além de indústrias-satélites desses setores  (Eduardo Moody/Divulgação)

O complexo industrial integrado de Camaçari reúne grupos de grande porte, como a montadora Ford, além de indústrias-satélites desses setores (Eduardo Moody/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 08h06.

A despeito de a indústria brasileira já ter superado as perdas decorrentes da crise provocada pela covid-19 no País, os fabricantes de veículos automotores e produtos de metal registraram uma ociosidade média do parque fabril superior a 30% nos últimos quatro meses, segundo dados desagregados da Sondagem da Indústria do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), obtidos com exclusividade pelo Estadão/Broadcast.

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A recuperação tem sido impulsionada pelo auxílio emergencial, exportações e mudança no padrão de consumo das famílias durante a pandemia, mas ainda é heterogênea. Alguns setores operam consideravelmente aquém da sua capacidade de produção. Dos 16 principais subsetores pesquisados na sondagem, apenas sete já superaram a média histórica de uso da capacidade instalada.

"A retomada não vem de forma ordeira e homogênea, ela vem de forma heterogênea, errática, tanto sob a ótica da produção quanto da utilização da capacidade instalada. A disseminação da recuperação vai depender da robustez do crescimento. Tudo está apontando para dias melhores, embora tenhamos desafios, como o fim do auxílio emergencial, o desemprego elevado e a curva da pandemia piorando", avaliou Rafael Cagnin, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Nuci

A indústria de transformação operava com 79,25% da capacidade instalada, em média, de setembro a dezembro de 2020, patamar que se aproxima da média histórica de 81,96% registrada no período que se estendeu de 2010 a 2015, antes das duas últimas crises econômicas. A melhora atual é puxada por setores como o de vestuário e celulose, nos quais o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) superou os 90%.

"Apesar de não ser um nível absurdo, começamos a ter um superaquecimento em alguns setores. Temos relatos de falta de insumos, mas o comércio online bombou a indústria de papelão ondulado, por exemplo. Quando você vende online, você reempacota o produto. Alguns setores são beneficiados por questões idiossincráticas da pandemia. Outras atividades mostram reação porque tinham perdido muito durante a crise, como vestuário", apontou o superintendente de Estatísticas Públicas do Ibre/FGV, Aloisio Campelo Júnior.

Por outro lado, a ociosidade permanece elevada em veículos automotores, que usaram em média 69,33% da capacidade instalada nos quatro últimos meses de 2020, ante uma média histórica pré-crise de 83,54%. A indústria de produtos de metal operava até mês passado com 67,48% da capacidade, consideravelmente abaixo da média de 77,88%.

Outros setores com ociosidade elevada em relação às suas próprias médias históricas foram informática, eletrônicos e ópticos, com um nível de utilização da capacidade instalada de 73,3% de setembro a dezembro de 2020, ante uma média histórica de 83,17%; máquinas e equipamentos, operando com uma média de 70 9% da sua capacidade, ante uma média histórica de 79,64%; e metalurgia, com Nuci de 78,78%, ante uma média histórica de 83 93%.

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