Setor aéreo: o ano de 2016 foi duro por causa de alguns mercados domésticos e divisas frágeis, assim como pelo impacto da crise política, econômica e social no Brasil (David McNew/Getty Images)
EFE
Publicado em 8 de dezembro de 2016 às 17h09.
Genebra - A indústria aeronáutica da América Latina fez frente a um entorno hostil em 2016, mas em 2017 pode se apoiar em uma certa recuperação e deve aproveitar esta oportunidade para melhorar as infraestruturas, repensar as altas taxas e os elevados custos do combustível em alguns países, opinou a Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata).
O grupo, que representa 265 companhias aéreas, apresentou nesta quinta-feira as perspectivas para o próximo ano, quando o setor latino-americano deve gerar US$ 200 milhões, cem menos que em 2016.
Em 2015, o setor registrou perdas de US$ 1,7 milhão, por isso os benefícios dos últimos dois anos representam uma boa evolução para o transporte aéreo na América Latina, que gera 5,4 milhões de empregos e contribui com US$ 176 bilhões ao PIB.
O ano de 2016 foi duro por causa de alguns mercados domésticos e divisas frágeis, assim como pelo impacto da crise política, econômica e social no Brasil, um mercado importante do qual dependem muitos outros países da região.
Apesar dos números não indicarem claramente, segundo a Iata, a tendência está começando a mudar e espera-se "alguma recuperação" em 2017 na região.
Existem alguns sinais de melhora nas divisas e nas perspectivas econômicas da região que sustentam esse otimismo, da mesma forma que a abertura dos Estados Unidos a Cuba e os primeiros voos de companhias aéreas americanas à ilha.
A Iata obteve do Escritório para o Controle de Bens Estrangeiros (OFAC) dos Estados Unidos autorização para trabalhar com a ilha no marco de suas atividades relacionadas com a aviação.
A associação vê oportunidades não só nos voos a Cuba, mas também na prestação de apoio estratégico, tático e comercial ao setor cubano em várias áreas.
Em termos mais gerais, as operações "seguem enfrentando autênticos desafios de operação" na América Latina.
No ano que vem o lucro das companhias aéreas latino-americanas por passageiro será de US$ 0,76, com uma margem de lucro líquido de 0,7% e a capacidade dos operadores crescerá 4,8%, na frente da demanda, que será de 4%.
Os países latinos, exceto Panamá e Chile, não criaram condições para que o transporte aéreo prosperar, segundo a Iata, devido a regulações onerosas que não estão em sintonia com os padrões mundiais, com taxas excessivas e políticas de combustível que não favorecem à indústria.
"Tudo isso significa que fazer negócio na América Latina é muito difícil e frequentemente mais caro do que em outras regiões", sustentou a associação, que acredita que os governos devem seguir melhores práticas e enxergarem a aviação como "o grande motor econômico que é e não apenas como um alvo fácil para arrecadar impostos".
O que continua doendo à Iata é que a Venezuela permaneça "bloqueando a repatriação" de US$ 3,8 bilhões de fundos da indústria.
O vice-presidente regional para as Américas da Iata, Peter Cerda, opinou que "infelizmente o governo continua tomando decisões ruins", ao cobrar agora "todas as taxas em dólares", quando os operadores internacionais não podem tirar seu dinheiro do país.
Segundo ele, a Venezuela é um dos países "mais caros" em termos de taxas de aterrissagem e aeroportuárias, como o é Brasil com relação ao elevado custo associado ao combustível, que representa um terço dos custos operacionais.
A Iata afirmou ver também como um dos principais desafios da região "fazer frente às infraestruturas insuficientes", como é o caso em mercados importantes como México, Colômbia, Peru e Argentina.
Outro desafio é a segurança, mas Cerda destacou que a região fez grandes progressos ao longo dos anos neste área, apesar do recente acidente com o avião da Chapecoense na Colômbia.