Economia

Sete em cada 10 empresários acreditam que 2020 será bom para os negócios

Segundo pesquisa da Deloitte, maior parte do empresariado afirma que vai manter quadro de funcionários e investir em novas tecnologias

Shopping: de acordo com o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre deste ano cresceu 0,6% (Valter Campanato/Agência Brasil)

Shopping: de acordo com o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre deste ano cresceu 0,6% (Valter Campanato/Agência Brasil)

AO

Agência O Globo

Publicado em 4 de dezembro de 2019 às 08h35.

Última atualização em 4 de dezembro de 2019 às 09h44.

São Paulo — Sete em cada dez empresários brasileiros esperam que 2020 seja um ano positivo para os negócios. É o que diz uma pesquisa realizada pela consultoria Deloitte com 1.377 empresas que, juntas, faturam cerca de R$ 3,5 trilhões por ano, o equivalente à metade da riqueza do país.

A maior parte dos entrevistados (72%) afirmou que pretende manter o atual quadro de funcionários, enquanto 58% disseram que pretendem aumentar o número de profissionais contratados.

Realizada em novembro, a pesquisa reflete o humor dos homens de negócios e reforça o cenário de melhora da economia. De acordo com o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre deste ano cresceu 0,6%.

"Os resultados do PIB do terceiro trimestre estão de acordo com a expectativa positiva dos empresários, que têm sentido sinais de melhora no dia a dia", afirma Altair Rossato, CEO da Deloitte Brasil.

Pelo levantamento, o empresariado nacional deve continuar investindo em iniciativas como novas tecnologias (74%), treinamento e formação de funcionários (73%), lançamento de novos produtos ou serviços (67%) e pesquisa e desenvolvimento (58%). Em caso de uma melhora substancial no país, o investimento em novas tecnologias sobe para 94% do total de entrevistados.

"Investir consistentemente em novas tecnologias e no aprimoramento do capital humano se torna uma questão-chave, especialmente quando a economia se estabiliza e as empresas podem se voltar com mais força às suas estratégias de crescimento no médio e longo prazos", destaca Rossato.

Opções como emissão de títulos de dívida e abertura de capital (IPO) são ainda desconhecidas por até metade das empresas participantes da pesquisa. Apesar disso, o percentual e o número absoluto de empresas da amostra que sinalizam interesse em realizar IPO no próximo ano representa um recorde na série histórica da pesquisa (34, ou 3% da amostra total).

Segundo Renata Muramoto, sócia da área de consultoria e líder do CFO Program da Deloitte,após um ano positivo para o mercado de capitais no Brasil, as IPOs despontam como uma perspectiva real em 2020 para um número razoável de empresas. Por outro lado, as formas tradicionais de captação de recursos ainda tendem a predominar, em um contexto hoje diferente do histórico de altas taxas de juros no país.

Quando perguntadas sobre quais seriam as ações prioritárias para que o Brasil tenha um ambiente econômico mais próspero, no qual as empresas possam retomar os investimentos e as contratações, 79% indicaram o estímulo à geração de empregos. Em seguida, foram citados investimentos em infraestrutura (ferrovias, rodovias, hidrovias e portos, com 57%), ampliação da participação da economia brasileira no comércio exterior (54%) e aumento do número de concessões e leilões (52%).

De modo geral, o empresariado aprova pilares centrais da política econômica conduzida em 2019, como os que levaram à redução dos juros básicos e à reforma da Previdência (itens citados com 82% e 76%, respectivamente).

A reforma previdenciária, inclusive, é ainda tema controverso numa avaliação geral dos empresários. Do total de participantes, 60% consideram que as alterações no sistema favorecem alguns grupos.

Por outro lado, há uma expectativa do empresariado de avanços maiores do país em relação ao ajuste fiscal, à redução da burocracia, ao combate à corrupção e a ações de impacto social, como saúde, educação, meio ambiente e segurança pública − estas figurando entre os itens que registraram as maiores taxas de insatisfação.

Segundo os entrevistados insatisfeitos com os ajustes fiscais especificamente, o que foi realizado até o momento não se mostrou suficiente para trazer o equilíbrio necessário às contas públicas.

Há também uma demanda do empresariado por mais abertura aos mercados internacionais. Na visão deles, essa liberalização deve se dar tanto para mercados tradicionais, como China, Europa, Estados Unidos e Mercosul, como também para novos parceiros que tenham grande potencial de investimento no Brasil.

No contexto de discussões sobre reformas modernizantes para o país, a reforma tributária − demanda antiga do empresariado brasileiro − deve ser prioridade em 2020 para estimular um ambiente de negócios mais dinâmico e competitivo, conforme 95% dos entrevistados. De acordo com 49%, o peso dos impostos e das taxas sobre as vendas e resultados das operações são o maior desafio na área tributária.

Ainda no âmbito das reformas vistas como necessárias, em segundo lugar, aparece a reforma política, com 86% das respostas. Do total de pessoas que responderam a pesquisa, 71% indicam como prioritária a reforma administrativa, seguida da necessidade do combate à corrupção (65%), bem como da desburocratização e das novas privatizações (ambas com 54%).

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