Economia

Servidores do BC propõem redução da jornada presencial

O BC tinha R$ 202,8 milhões para gastar com custeio este ano. No entanto, o Ministério do Planejamento impôs um bloqueio de R$ 47,1 milhões do valor


	BC: "Não vamos deixar de cumprir nossas oito, dez horas de jornada, mas precisamos de condições de trabalho", disse presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

BC: "Não vamos deixar de cumprir nossas oito, dez horas de jornada, mas precisamos de condições de trabalho", disse presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2013 às 18h05.

Brasília - Cerca de cem funcionários do Banco Central (BC) em Brasília participaram, na tarde desta quarta-feira, 4, de uma assembleia para discutir alternativas ao corte de 23,2% no orçamento da instituição neste ano.

Os servidores do BC tomaram quatro decisões: propor a redução de jornada de trabalho presencial na instituição, completando a jornada em casa; enviar uma carta aberta à diretoria do BC alertando sobre os prejuízos ao trabalho e contestando a atuação isolada de redução de despesas por parte da autoridade monetária; obter dados dos cortes por segmento, por meio da Lei de Acesso à Informação; além de propor que os valores dos investimentos extras na construção de um prédio no Rio de Janeiro sejam remanejados para evitar reduções drásticas de custeio.

O BC tinha R$ 202,8 milhões para gastar com custeio este ano. No entanto, o Ministério do Planejamento impôs um bloqueio de R$ 47,1 milhões do valor, fazendo com que a dotação orçamentária fosse reduzida a R$ 155,7 milhões.

A proposta de completar a jornada de trabalho em casa foi uma ideia que surgiu, de acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Max Meira, para que haja redução nas contas de energia elétrica, ar-condicionado e internet, cujo uso foi limitado pelo corte de despesas.

"Não vamos deixar de cumprir nossas oito, dez horas de jornada, mas precisamos de condições de trabalho", afirmou ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Segundo ele, o uso da internet foi limitado a três períodos de dez minutos cada, por dia. "Como é que o BC vai gerenciar expectativas se não sabe o que o mercado está pensando?", questionou.

Outro ponto foi o de enviar a carta aberta à diretoria do Banco Central em até 48 horas criticando a decisão de fazer um ajuste forte das contas a quatro meses do fim do ano.


Conforme cálculos do Sinal, os 23,2% de redução, concentrados em poucos meses, representam uma redução de 70% do custeio no período.

Por isso, de acordo com o líder sindical, o BC estaria tentando renegociar contratos para efetuar pagamentos em 2014. "Outra coisa é que não se faz ajuste só em um órgão e, pelo que percebemos, apenas o BC decidiu cortar. Os ministérios não estão agindo da mesma forma", acusou.

No item sobre o escaneamento de consequências dos cortes efetivos, o sindicato recebeu o apoio dos servidores em assembleia para verificar por meio da Lei de Acesso à Informação o que cada uma das decisões do BC anunciadas recentemente gerará de economia de fato à instituição. "Vamos querer saber quanto foi a economia com a demissão dos terceirizados, dos estagiários, da diminuição da quantidade de impressoras e do acesso à internet, entre outros", citou Meira.

Por fim, o quarto ponto, que foi aprovado com a menor quantidade de adesões entre os presentes, refere-se à proposta de que o BC deixe de realizar um investimento na construção de andares extras em um prédio em Gamboa (RJ) e redirecione os recursos destinados para esse fim para evitar tamanho corte de custeio. Essa parte extra da construção, de acordo com o sindicalista, representa cerca de R$ 40 milhões, o que é praticamente todo o volume que o BC pretende reduzir de seu orçamento até o final do ano.

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