Serra: "Achei a decisão correta. Os juros futuros estavam caindo e a pressão das commodities sobre a inflação diminuindo, em razão da crise internacional" (Sérgio Andrade/Governo de SP)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2011 às 11h25.
São Paulo - O ex-governador de São Paulo, candidato à Presidência da República pelo PSDB no ano passado, José Serra defendeu o corte do juro anunciado pelo Banco Central (BC) nesta semana. Na quarta-feira, a autoridade monetária baixou a Selic (taxa básica de juros da economia) de 12,50% para 12% ao ano. "Achei a decisão correta. Os juros futuros estavam caindo e a pressão das commodities (matérias-primas) sobre a inflação diminuindo, em razão da crise internacional", afirmou ontem, em entrevista por escrito ao Grupo Estado.
Na avaliação de Serra, o fato de a decisão do BC ser anunciada no dia seguinte ao pedido feito pela presidente Dilma Rousseff não afeta a credibilidade da instituição. "Não vejo nenhum problema especial a respeito da taxa de credibilidade do Banco Central. Ele ganharia, ou não perderia, credibilidade quando sobe os juros?", ponderou.
"Não vejo maior problema no fato de o ministro da Fazenda e a presidente da República conversarem com o Banco Central e expressarem seu pensamento. Isso acontece em todos os países. Acharem que há intervenção indevida porque o Banco Central adotou a medida que eles achavam melhor não faz sentido", acrescentou Serra.
Em relação à inflação, o ex-governador disse que "o efeito do aumento dos juros se dá menos por eventual aperto da demanda, que é pequeno, do que pela sobrevalorização do real, pois os juros em elevação estimulam ainda mais o afluxo de dólares que inunda nossa economia." Ele acrescentou que "a chave da estratégia brasileira de controle da inflação nos últimos anos tem sido a valorização do câmbio, não a da contenção da demanda."
Serra ainda classificou como "perfumaria" o anúncio desta semana de aumento de R$ 10 bilhões na meta de superávit primário - dinheiro que o governo economiza para o pagamento dos juros da dívida pública. "O anúncio do aumento do superávit foi feito para acalmar o mercado em relação à diminuição dos juros, que já devia estar programada. Aquele aumento é perfumaria, até porque não provêm de cortes, mas de aumento de receita, e é pequeno diante do aumento das despesas com juros, que será de pelo menos R$ 30 bilhões neste ano em relação ao ano passado."