Economia

Senadores ameaçam parar Previdência se governo não cumprir compromissos

Motivos seriam o risco de a divisão dos recursos do megaleilão do petróleo ser alterada na Câmara e demandas pela liberação de emendas parlamentares

Bolsonaro e Paulo Guedes: proposta de reforma previdenciária do governo está em tramitação no Congresso (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

Bolsonaro e Paulo Guedes: proposta de reforma previdenciária do governo está em tramitação no Congresso (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de outubro de 2019 às 16h09.

Última atualização em 1 de outubro de 2019 às 16h11.

Senadores ameaçam parar a reforma da Previdência após a votação do primeiro turno da proposta no plenário do Senado. A insatisfação é atribuída ao risco de a divisão dos recursos do megaleilão do petróleo ser alterada na Câmara. Além disso, senadores citam a demanda pela liberação de emendas parlamentares.

Segundo o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP), a maioria dos senadores alertou que a votação desta terça vai ocorrer "pelo Brasil", mas, se compromissos assumidos pelo governo não forem cumpridos, não haverá o segundo turno de votação.

A pressão acendeu um alerta no governo e no relator da reforma da Previdência no Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE). Nesta terça, a proposta deve passar pelo primeiro teste no plenário. A votação do texto em segundo turno, no entanto, ainda é dúvida. Parlamentares ameaçam adiar a conclusão da reforma na Casa se não tiverem demandas atendidas pelo governo. No calendário da medida, a votação do segundo turno seria feita no próximo dia 10.

A preocupação com o pacote do chamado pacto federativo e com a liberação de emendas foi discutida em reunião de lideranças partidárias no gabinete da presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), antes da sessão do colegiado que deu aval à proposta de reforma da Previdência.

"Agora, a água passou do umbigo porque não foi uma ameaça, foi um alerta da maioria dos senadores dizendo: nós vamos votar hoje pelo Brasil, mas se não acontecerem compromissos assumidos pelo governo, não haverá a votação no dia 10", disse o líder o senador Major Olimpio. "Houve manifestações da maioria dos senadores principalmente pela não concretização de ações em relação ao avanço do pacto federativo. Nós teremos que ter uma série de ações que deverão acontecer para que haja, não a votação no dia 10, mas para que vote o segundo turno", acrescentou.

Olimpio observou o risco de a divisão dos recursos do megaleilão do petróleo com Estados e municípios conforme os critérios elaborados pelo Senado ser alterada na Câmara e a preocupação com "demandas regionais" dos parlamentares, fazendo referência à liberação de emendas.

Pelos critérios do Senado, Norte e Nordeste são as regiões mais beneficiadas com os repasses da chamada cessão onerosa. Na segunda, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou que, se a Câmara não mantiver o que os senadores desejam, o governo vai editar uma medida provisória com a distribuição. Só com os critérios do Senado é que Alcolumbre está disposto a pautar um projeto que abre um crédito extra e libera o pagamento de R$ 33 bilhões da União à Petrobras na cessão onerosa.

O relator da proposta admitiu a preocupação. "Eu não estou nesse grupo. Sempre levanta (preocupação), a gente quer que se vote. Não sou eu quem quero, é o País que quer que se vote o mais rápido possível. Existem, mas isto faz parte da vida política, outras negociações em paralelo", declarou Jereissati após a sessão da CCJ.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), prometeu empenho para que o pacto federativo avance na Casa. "Entre a votação de hoje (terça) de primeiro turno e a votação de segundo turno, nós vamos trabalhar muito para poder fazer avançar os pontos do pacto federativo, que é muito sensível para os senadores." Para Bezerra, cabe ao governo fazer avaliações e "procurar criar o ambiente necessário para avançar com a votação (da reforma da Previdência) em segundo turno."

Votos

O governo calcula ter entre 56 e 60 votos para aprovar a reforma em primeiro turno no plenário do Senado. A votação deve ocorrer ainda nesta terça-feira, 1. Para dar aval ao texto, são necessários 49 votos entre os 81 senadores.

"O placar é sempre o mesmo. No texto, principal, entre 56 e 60 votos. Agora, cada destaque (tentativas de alteração) vamos ter que trabalhar", disse Bezerra. "Vamos encerrar o primeiro turno e tem muito trabalho a ser feito daqui pela frente", afirmou, quando questionado se o segundo turno estaria garantido para a semana que vem.

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