Marcelo Caetano: de acordo com o secretário, enquanto hoje os valores pagos pelo INSS consomem 8% do PIB, em 2060 esse percentual deve atingir entre 17% e 18% do PIB (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Agência Brasil
Publicado em 6 de março de 2017 às 19h17.
Última atualização em 6 de março de 2017 às 19h44.
O secretário de Previdência do Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, afirmou que, sem a reforma da Previdência, o país terá que aumentar a carga tributária ou cortar gastos em outras áreas.
Segundo ele, ao analisar o assunto, é preciso considerar não só o quadro atual mas as perspectivas para o futuro. Caetano disse que o país passa por processo "rápido" de envelhecimento.
De acordo com o secretário, enquanto hoje os valores pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) consomem 8% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e riquezas produzidos no país), em 2060 esse percentual deve atingir entre 17% e 18% do PIB.
Caetano falou sobre o assunto em entrevista ao programa Diálogo Brasil, que será exibido pela TV Brasil hoje (6), a partir das 22h.
Durante o programa, o secretário respondeu a perguntas e comentou pontos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, que trata da reforma e foi encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional no fim do ano passado.
O secretário também rebateu a afirmação de que não existe déficit da Previdência. Alguns especialistas e entidades, como a Associação Nacional dos Auditores Fiscais e da Receita Federal do Brasil (Anfip) argumentam que as contas da Previdência devem ser consideradas no contexto da seguridade social, sistema que também abrange a saúde e a assistência social e tem fontes próprias de financiamento.
Entre essas fontes estão recursos das loterias federais, por exemplo.
Segundo Marcelo Caetano, no entanto, esses recursos são inteiramente consumidos pela seguridade e ainda drenados pela Previdência.
"Tem um dinheiro da seguridade social que está indo financiar a Previdência e deixando de ser usado na saúde e assistência social", disse.
De acordo com secretário, a proposta do governo inclui, inclusive, a classe política. "Quem passar a ter um novo mandato eletivo [após a reforma] entrará no Regime Geral de Previdência Social [regime vinculado ao INSS]", informou.
Ele lembrou, contudo, que bombeiros e policiais militares e membros das Forças Armadas não estão incluídos na proposta de reforma em tramitação no Congresso.
"Para bombeiros e policiais é o próprio estado que faz a alteração. A questão das Forças Armadas, a ideia é formar um grupo de estudo pelo Ministério da Defesa [para discutir a reforma]", afirmou.