Economia

Sem dinheiro, Venezuela poderia vender ouro, diz Citigroup

Os países que enfrentam escassez de dinheiro poderiam se sentir tentados a vender parte de suas reservas de ouro para arrecadar fundos, segundo o banco


	Ouro: o país sul-americano é um dos que poderiam estar correndo o risco de vender parte de suas posses
 (Kerem Uzel/Bloomberg)

Ouro: o país sul-americano é um dos que poderiam estar correndo o risco de vender parte de suas posses (Kerem Uzel/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2015 às 20h49.

Os países que enfrentam escassez de dinheiro poderiam se sentir tentados a vender parte de suas reservas de ouro para arrecadar fundos, segundo o Citigroup Inc., que mencionou a Venezuela como possível exemplo em meio à preocupação de que esse país dê o calote.

O país sul-americano é um dos que poderiam estar correndo o risco de vender parte de suas posses depois que o petróleo caiu e os preços das commodities se enfraqueceram, escreveram vários analistas, entre eles David B. Wilson e Aakash Doshi, em um relatório.

Telefonemas feitos pela Bloomberg para o Banco Central da Venezuela e para a assessoria de imprensa do Ministério das Finanças fora do horário comercial regular não foram atendidos.

O ouro recuou para o valor mais baixo em cinco anos em julho porque o dólar teve um rali graças às perspectivas de taxas de juros mais altas nos EUA.

As vendas do lingote pelos governos poderiam aumentar a pressão para enfraquecer os preços, embora outros bancos centrais, como o da China, estejam expandindo suas posses.

Caso a Venezuela venda parte de seu ouro, os preços poderiam continuar nos valores mínimos, segundo Wilson e Doshi.

“Não acho que muitos bancos centrais sintam tanta tentação assim”, disse Edwin Gutiérrez, da Aberdeen Asset Management Plc, que ajuda a administrar US$ 13 bilhões como diretor de dívida soberana de mercados emergentes.

“Um país tão desesperado quanto a Venezuela, certamente, porque não pode recorrer a muitas outras opções”.

A Venezuela obtém mais de 95 por cento de sua receita exportadora com o petróleo, e a queda nos preços do petróleo bruto alimentou a preocupação de que o país poderia ter dificuldades para pagar sua dívida.

Contudo, há uma baixa probabilidade de calote neste ano, segundo o Barclays Plc.

Posses

A Venezuela tinha 11,607 milhões de onças troy de ouro em setembro, segundo dados do FMI. Cerca de 68 por cento das reservas do país estão em lingotes até agosto, segundo o relatório do Citigroup.

“Os países com problemas financeiros poderiam desencadear o risco de mais quedas nos preços à medida que aumentar a tentação de vender as reservas de ouro”, disseram os analistas do Citigroup no relatório de 18 de agosto.

“A Venezuela é um desses países em perigo”.

O ouro para entrega imediata era negociado a US$ 1.123,65 por onça às 16h06 em Cingapura, com uma baixa de 5,1 por cento neste ano, segundo preços genéricos da Bloomberg.

O Citigroup manteve suas previsões no relatório, antecipando que a média de preços seja de US$ 1.090 neste trimestre porque o Federal Reserve (Fed) provavelmente começaria a ajustar.

A Venezuela “parece estar caminhando para uma crise no curto prazo” em meio aos protestos e à escassez de itens básicos, enquanto o país se aproxima das eleições parlamentares de dezembro, segundo a RBC Capital Markets Ltd.

O custo de garantia dos bonds do governo com vencimento em cinco anos voltou para perto do valor mais alto em doze anos.

Em 2011 e 2012, o governo da Venezuela repatriou a maior parte dos lingotes que conservava em bancos no exterior.

A medida foi ordenada pelo então presidente Hugo Chávez como proteção contra a instabilidade nos mercados financeiros.

“O problema é que a maior parte do ouro venezuelano está em Caracas”, disse Gutiérrez, da Aberdeen, em entrevista por telefone, de Londres, na terça-feira. “Nenhum banco vai aceitar como garantia ouro que está hoje em Caracas”.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaBancosbancos-de-investimentoCitigroupEmpresasFinançasOuroVenezuela

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto