Ilan Goldfajn: "Sem ajustes, com baixo crescimento e juros altos, a dinâmica da dívida pública é explosiva" (Marie Hippenmeyer/Itaú Unibanco)
Da Redação
Publicado em 27 de maio de 2015 às 12h39.
São Paulo - O economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn, afirmou que o Brasil passa neste anos por "5 mega ajustes" macroeconômicos necessários e que vão ajudar a melhorar o desempenho do nível de atividade no próximo ano.
Entre estes movimentos de correção estão a meta de superávit primário próxima a 1,2% do PIB para este ano, retificação da trajetória dos gastos do Tesouro com bancos públicos, como BNDES, fim da repressão de preços relativos, administrativos e câmbio, e a nova postura do Banco Central de centralizar seus esforços para levar a inflação à meta de 4,5% no final de 2016.
"Sem ajustes, com baixo crescimento e juros altos, a dinâmica da dívida pública é explosiva", comentou Goldfajn. "O câmbio de equilíbrio, que hoje está pouco acima de R$ 3,00, iria para R$ 4,00 numa crise."
Na avaliação de Goldfajn, um dos problemas econômicos que o País registrou recentemente foi represar preços administrados. "Isso foi impressionante", destacou, ressaltando que tal movimento acabou sendo corrigido, o que deve gerar uma alta de 14% desta categoria de preços neste ano e influenciará para o que o IPCA suba 8,5% em 2015.
Para ele, o conjunto de ajustes macroeconômicos que estão em curso neste ano são fundamentais e indispensáveis, mas devem gerar uma retração de 1,5% do PIB em 2015.
"Já acho essa previsão otimista", comentou. Para o ano que vem, ele espera uma expansão do PIB entre 0,5% e 0,7%, o que significará na prática que "o PIB parou de cair." "O crescimento em 2016 não virá de consumo, mas de aumento dos índices de confiança e alguma ajuda do setor externo", destacou.
De acordo com Ilan Goldfajn, além de ajustes da economia, o País precisa de reformas, como a tributária e da Previdência Social, para elevar o patamar de crescimento do País no médio prazo.
"Sem reformas, uma expansão de 2% em 2018 estará na faixa", comentou. "Hoje, contudo, é preciso evitar a contra reforma da Previdência, que teria um impacto relevante às contas públicas. O importante nesse tema é não tomar gol." Ele fez os comentários ao participar de evento que está sendo promovido pela Amcham em São Paulo.