Ex-ministro Maílson da Nóbrega critica a criação da "Segurobrás" (.)
Da Redação
Publicado em 13 de julho de 2010 às 16h07.
São Paulo - O ex-ministro da Fazenda e sócio da Tendências Consultoria, Maílson da Nóbrega, criticou, em entrevista ao site EXAME, a proposta do governo de criar uma empresa de seguros. Apelidada de "Segurobrás", a estatal atuaria nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), da Copa do Mundo, dos Jogos Olímpicos e da exploração do pré-sal, entre outros projetos.
"Essa ideia é coerente com o viés claramente estatista desse governo", diz Maílson. "Pelo que foi dito até agora, não faz o menor sentido." O economista explica que o governo deveria atuar apenas em algumas áreas específicas do mercado de seguros. Uma delas é a exportação para países que tenham risco político muito grande e que, portanto, não atraia o interesse das seguradoras privadas.
Outro setor é o agrícola. "Em algumas atividades rurais, o risco é tão elevado que o custo do prêmio é proibitivo. Nesse caso, cabe ao governo garantir a safra e o rebanho", explica Maílson da Nóbrega.
O economista diz que existirá conflito de interesse se o governo for assegurar seus próprios contratos (obras públicas). "Em nenhum canto do mundo, uma seguradora faz seguro do seu próprio sócio. Isso reduz a qualidade da cobertura porque a estatal seria menos exigente na hora de fechar o negócio, assumindo riscos enormes. Conhecemos o pagador final dessa conta que se chama contribuinte", diz Maílson.
O ex-ministro da Fazenda considera um "absurdo" o governo querer criar a "Segurobrás" por meio de Medida Provisória. "O normal num governo sério e civilizado é adotar duas etapas. Estudar bem o assunto e colocar em discussão pública para colher a opinião de especialistas", afirma. "O governo desprezou essas etapas e ainda jogou no lixo uma possível participação do Congresso, numa atitude autoritária."
O sócio da Tendências Consultoria diz ainda que a criação de mais uma estatal embute o risco de aparelhamento político da máquina. "Tirando algumas exceções - Banco Central, Banco do Brasil, BNDES e CVM -, o preenchimento de cargos nesse governo leva em conta a militância política. Dificilmente essa 'Segurobrás' será eficiente, e acabará se tornando mais uma fonte de gastos e desperdícios", conclui.
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