Protesto: desobediência civil é a maior ameaça às seguradoras dos jogos (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2014 às 14h05.
Nova York - A Munich Re colocou US$ 400 milhões em risco ao oferecer um seguro contra atrasos ou cancelamentos de partidas da Copa do Mundo. A maior resseguradora do mundo conta com o empenho da presidente Dilma Rousseff para evitar o constrangimento resultante de qualquer interrupção.
A companhia está confiante de que incidentes como protestos de rua, greves e falhas de infraestrutura não perturbarão a realização dos jogos, disse Andrew Duxbury, gerente de subscrição em Londres, ontem, em entrevista concedida momentos antes da partida de abertura.
A empresa tem experiência com seguro a eventos esportivos como a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, e os Jogos Olímpicos de 2012, em Londres.
“Estou aqui sentado tão confortavelmente quanto eu estava nesta fase anterior à Copa do Mundo sul-africana”, disse Duxbury. “Existe um alinhamento de interesses. O principal problema para o Brasil é a reputação. Eles querem que todos tenham uma grande experiência e depois promovam o Brasil como país”.
O otimismo de Duxbury contrasta com a avaliação de Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, que disse no mês passado que sua organização “viveu um inferno” tentando organizar o evento no Brasil.
Nas última semanas, no período de preparação para a Copa do Mundo, professores e policiais entraram em greve exigindo aumentos salariais, enquanto greves de agentes de trânsito agravaram os engarrafamentos nas maiores cidades do país.
Em uma vitória de Dilma, os trabalhadores aeroportuários do Rio de Janeiro não entraram em greve ontem depois que a Justiça disse que multaria o sindicato em R$ 500.000 (US$ 223.900) por hora.
O sindicato dos metroviários de São Paulo decidiu não retomar uma paralisação enquanto a maior cidade do Brasil recebia a partida de abertura do torneio, com uma vitória por 3-1 da seleção da casa contra a da Croácia.
US$ 11 bi
A Munich Re, que tem como clientes governos locais e organizações que vendem direitos televisivos, terá que pagar se houver atraso, realocação ou cancelamento de um ou mais jogos causados por imprevistos, desde protestos populares até chuvas torrenciais.
A desobediência civil massiva é a maior ameaça às seguradoras dos jogos, segundo Duxbury. O custo de US$ 11 bilhões da Copa do Mundo irritou os brasileiros, que enfrentam uma inflação rápida, crescimento lento e serviços públicos ruins.
Ontem, em São Paulo, um grupo de cerca de 300 manifestantes entrou em confronto duas vezes com a polícia a cerca de 13 quilômetros do estádio onde a partida de abertura foi realizada.
“Se a agitação social se propagar, então, em última análise, caberá ao governo dizer ‘precisamos entender e controlar essa situação, não podemos mais realizar a Copa do Mundo’”, disse ele. “Não há sinais de que isso vá acontecer”.
Dilma foi vaiada no jogo de ontem -- os torcedores a insultaram cantando palavrões antes do apito inicial. Foi uma repetição da cena do ano passado, quando a presidente foi vaiada antes do início da Copa das Confederações.
A venda de direitos televisivos é a maior fonte de renda durante a Copa do Mundo. Em 2010, cerca de metade da população mundial assistiu a alguns dos jogos sul-africanos, que atraíram uma média de 188 milhões de espectadores, segundo a Munich Re.
“Os jogadores e as câmeras de TV estando lá, é tudo que precisamos”, disse Duxbury.