Economia

Mattar anuncia abandono de meta de privatizações e desinvestimento em 2020

"Talvez até o final do ano não poderemos vender mais nada", disse o secretário; venda da Eletrobras ficou para o segundo trimestre de 2021

Salim Mattar: "não há clima no mercado para vender ativos" (Cristiano Mariz/Exame)

Salim Mattar: "não há clima no mercado para vender ativos" (Cristiano Mariz/Exame)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 22 de abril de 2020 às 16h30.

Última atualização em 22 de abril de 2020 às 19h29.

O secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, Salim Mattar, anunciou nesta quarta-feira (22) o abandono da meta de privatizações e desinvestimentos em 2020 diante da mudança de cenário econômico trazida pela pandemia do coronavírus.

"Sabemos que a meta não será atingida e talvez até o final do ano não poderemos vender mais nada", disse em coletiva virtual. "Não há clima no mercado para vender participações em ativos", completou.

Em 2019, o governo arrecadou R$ 51,4 bilhões com desestatizações e R$ 54 bilhões com desinvestimentos. A meta para 2020 era atingir R$ 150 bilhões no total, dos quais já foram efetivados R$ 29,5 bilhões.

Ainda na campanha eleitoral, o agora ministro Paulo Guedes falava em atingir a marca de R$ 1 trilhão em privatizações.

A privatização da Eletrobras, inicialmente com previsão para outubro de 2020, ficou para o segundo trimestre de 2021. Veja como ficou o novo calendário:

Cronograma de desestatização

Posições

Salim Mattar também se posicionou contra o projeto do empréstimo compulsório que estava na pauta do Congresso Nacional desta quarta-feira (22) para ser votado em regime de urgência, mas acabou sendo adiado.

Pela proposta, corporações domiciliadas no país com patrimônio acima de R$ 1 bilhão poderão ter cobradas, pelo governo federal, valor equivalente a até 10% do lucro líquido apurado no ano anterior.

Segundo Mattar, o projeto descapitalizaria as empresas e traria insegurança jurídica, mesma posição defendida pelo Ministério da Economia e por grupos empresariais.

Outro questionamento foi sobre o "Plano Marshall" sendo gestado pela Casa Civil para estimular a economia com investimento público em obras passado o auge da pandemia.

"Não temos dinheiro sobrando. Nossas finanças foram absolutamente esgotadas. [Plano] ainda é muito embrionário", disse Mattar.

Veja na íntegra o novo relatório da Secretaria de Desestatização

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