Economia

Secretário do Tesouro diz que não faltarão recursos para Saúde

O secretário afirmou que é indevida a comparação entre o pacote de socorro brasileiro e de outros países

Mansueto: secretário advertiu que não se pode exagerar na "dose do remédio" (Adriano Machado/Reuters)

Mansueto: secretário advertiu que não se pode exagerar na "dose do remédio" (Adriano Machado/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 28 de março de 2020 às 18h39.

O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, disse neste sábado que não vão faltar recursos para a saúde e para o socorro às pessoas mais vulneráveis durante a pandemia, mas advertiu que não se pode exagerar na 'dose do remédio' sob o risco de comprometer o orçamento do país nos próximos anos. Mansueto afirmou que é importante que as despesas extras sejam de caráter temporário.

"Não pode faltar dinheiro para saúde independente da questão fiscal e também para proteger as pessoas mais vulneráveis. Mas não se pode exagerar na dose do remédio, comprometendo os próximos anos. Haverá uma conta a ser paga", afirmou o secretário durante uma live organizada pelo banco BTG Pactual, que contou ainda com os sócios do banco, o ex-ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, e o economista Eduardo Loyo.

O secretário afirmou que é indevida a comparação entre o pacote de socorro brasileiro e de outros países. Nos Estados Unidos, o Congresso aprovou US$ 2 trilhões para ajudar pequenas empresas, cidadãos que ficaram sem renda e para investimentos em Saúde. Segundo ele, o Brasil tem uma rede social muito mais desenvolvida que a americana, por exemplo.

"O Brasil tem uma rede social maior que a dos EUA. Gasta 14% do PIB com previdência, enquanto os EUA gastam 6% ou 7%. Temos a aposentadoria rural, que protege os trabalhadores neste momentos, diferente dos EUA. Então com estes mecanismos, o país não precisa gastar tanto. E a transferência de renda que vamos fazer, de R$ 600, considerando o PIB per capita, é semelhante a dos EUA", disse.

Nos Estados Unidos, o governo vai enviar US$ 1,2 mil a famílias que ficaram sem renda e mais US$ 500 por filho.

Déficit primário de R$ 300 bilhões

Ele afirmou que independente da economia brasileira ficar estagnada, como mostrou a última estimativa do governo, ou ter retração, o governo segue em frente buscando a consolidação fiscal, embora não seja possível pensar em medidas estruturais "em duas ou três semanas". Mas esse objetivo tem que estar no radar permitindo que o Brasil continue tendo juros baixos por um prazo mais prolongado.

"Independente de economia estagnada ou se o PIB retrair 1%, 2% ou 3% o governo segue em frente e não muda a rota. O que não pode é criar despesas permanentes que afetem a trajetória do gasto em 2021. A previsão de PIB zero é de duas semanas atrás. Essas projeções mudam toda semana e possivelmente o PIB pode vir negativo, já que estamos num cenário muito incerto", afirmou.

Este ano, afirmou o secretário, o déficit primário do país, que era estimado em R$ 124 bilhões, deve saltar para cerca de R$ 300 bilhões com as despesas extras do governo para combater a pandemia do coronavírus. Mansueto disse se chegar a essa cifra, o déficit vai ficar entre 3% e 4% do PIB, a maior alta desde 2015, quando o déficit primário foi equivalente a 2,5% do PIB. O secretário disse que com a retração esperada da economia o país também vai ter perda de receita.

Mansueto afirmou que novas medidas estão sendo estudadas. Uma delas seria a compra de títulos privados pelo Banco Central. Mas o secretário, entretanto, afirmou que não poderia dar detalhes do programa porque se trata de uma estratégia do BC.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusMinistério da Saúde

Mais de Economia

Se Trump deportar 7,5 milhões de pessoas, inflação explode nos EUA, diz Campos Neto

Câmara aprova projeto do governo que busca baratear custo de crédito

BB Recebe R$ 2 Bi da Alemanha e Itália para Amazônia e reconstrução do RS