Abelhas trabalham em favos de mel: “com a seca, não teve muita floração. Muitas flores não vingaram, secaram, e houve mortandade de abelhas", disse gerente de Pecuária do IBGE (Juan Mabromata/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2013 às 10h20.
Rio de Janeiro - A produção brasileira de mel de abelha caiu 19,3%, no ano passado, em decorrência da seca que atingiu, principalmente o Nordeste do país, de acordo com a pesquisa Produção da Pecuária Municipal (PPM), divulgada hoje (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa foi a maior queda observada nos produtos de origem animal analisados pelo órgão.
“Com a seca, não teve muita floração. Muitas flores não vingaram, secaram, e houve mortandade de abelhas, especialmente no Nordeste. No Piauí, houve problema até de sumir enxames em alguns municípios. Faltou a floração. A produção de mel no Brasil sofreu bastante, no ano passado”, disse à Agência Brasil o gerente de Pecuária do IBGE, Otávio Oliveira, responsável pela pesquisa. Também a produção de casulo de bicho-da-seda registrou retração de 15,2%.
A pesquisa constatou que houve aumento significativo na produção de ovos de codorna, da ordem de 9,4%, além de expansão na produção de ovos de galinha (2,3%), lã (1,6%) e leite (0,6%). Em termos de preço desses produtos da pecuária, os aumentos mais significantes foram observados em ovos de codorna, da ordem de 27,2%, ovos de galinha (17,4%), leite (9,9%), lã (9,3%) e casulo do bicho-da-seda (2,9%). No caso do mel de abelha, a produção foi 3,6% menor.
Além disso, de acordo com o levantamento, foram abatidas no ano passado 31,118 milhões de cabeças de bovinos, enquanto a produção de carne sob inspeção sanitária alcançou 7,351 milhões de toneladas. A taxa de abate de bovinos chegou a 14,7%. O Brasil é o segundo produtor mundial de carne bovina, depois dos Estados Unidos.
Assim, as raças bovinas criadas no Brasil têm maior aptidão para a produção de carne do que de leite. De acordo com o último censo, dois terços do rebanho são para corte e apenas um terço é voltado à produção leiteira. Além disso, observou que a atividade leiteira é muito pulverizada e envolve desde o pequeno produtor, com pouco capital, até os grandes pecuaristas.
“Quando a gente analisa o Brasil, praticamente vê leite em todos os estados e em quase todos os municípios com área rural. Mas, a produtividade, o nível de tecnologia, são muito variados. E a grande massa não tem ainda emprego intenso de tecnologia”, explicou.
Entre os itens de origem animal, o leite foi o que atingiu a maior produtividade em 2012 (32,304 bilhões de litros), o que corresponde a R$ 26,797 bilhões. De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o Brasil ocupa a sexta colocação entre os maiores produtores mundiais de leite, atrás da União Europeia, Índia, dos Estados Unidos, da China e da Rússia.
O pesquisador do IBGE disse que, embora o ritmo de crescimento da produção de leite tenha caído de 2011 para 2012, com destaque para o Nordeste – cuja queda atingiu 14,8%, puxada pela Paraíba (-39,9%) e Pernambuco (-36,1%) –, a produtividade de leite no Brasil subiu. O número passou de 1.382 litros por vaca por ano, em 2011, para 1.417 litros por animal em 2012 – ganho de 2,5%. O ritmo médio de crescimento da produção leiteira era em torno de 5%, ao ano e, em 2012, caiu para 0,6%. “A taxa de crescimento deu uma reversão desde 2010. O crescimento vem diminuindo, mas a produtividade média tem aumentado”, explicou Oliveira.
A Região Sudeste concentrou 35,9% da produção nacional de leite no ano passado, com Minas Gerais liderando o ranking de estados (27,6% de participação). Por municípios, Araras, em São Paulo, e Castro, no Paraná, apresentaram as maiores produtividades, com 9 mil litros de leite por vaca por ano e 7.510 litros por animal, respectivamente.