Economia

Seca afetará produção de açúcar por anos, diz Datagro

Produção no Brasil deverá cair para 32,8 milhões de toneladas na temporada 2014/15


	Caminhões são carregados com cana de açúcar em Piracicaba, no interior de São Paulo
 (JC Franca/Bloomberg News)

Caminhões são carregados com cana de açúcar em Piracicaba, no interior de São Paulo (JC Franca/Bloomberg News)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2014 às 16h28.

São Paulo - A produção de açúcar da principal região produtora do Brasil, o centro-sul, deverá cair para 32,8 milhões de toneladas na temporada 2014/15, ante 34,29 milhões de toneladas na safra anterior, e os volumes nos próximos anos continuarão pressionados pelo efeito da devastadora seca do início de 2014, estimou a consultoria Datagro nesta quinta-feira.

"Essa seca terá impacto não só nos rendimentos e produção de 2015, mas também na colheita 2016", disse o presidente da consultoria, Plinio Nastari, ao divulgar novas projeções para a safra 14/15.

Nastari disse que o mercado pode não ter absorvido totalmente o impacto da seca sobre o setor de cana do Brasil, um fenômeno climático tão severo que provavelmente mostrará os efeitos para além da produção de açúcar deste ano.

Em 2010, o setor de cana do Brasil sofreu com a seca e outras condições climáticas adversas, o que fez com que a indústria levasse três anos para se recuperar.

O número da produção de açúcar do centro-sul divulgado nesta quinta-feira indica uma redução ante o levantamento divulgado em agosto, quando a Datagro havia previsto 33,2 milhões de toneladas de açúcar.

Nastari disse ainda que grandes estoques de açúcar, especialmente na Ásia, vão continuar a pesar sobre os preços do adoçante no curto prazo, apesar da queda esperada na produção do maior exportador mundial.

No ano safra internacional do açúcar, que começa em outubro, é esperado que o mercado mude para o primeiro déficit após três anos de superávit, com a demanda superando a oferta de 2,45 milhões de toneladas.

"Continuamos a ter uma escassez de chuvas em São Paulo e, quando não chove, você não pode plantar cana", disse Nastari, referindo-se à sua previsão para a safra de cana do próximo ano, que deve cair pelo envelhecimento dos canaviais.

Ele acrescentou que as usinas estão tendo um melhor retorno com a produção de etanol, vendido em termos equivalentes com o açúcar VHP entre 17,3 e 17,6 centavos de dólar por libra-peso. O VHP (Very High Polarized) está cotado atualmente em 15,3 centavos.

Acompanhe tudo sobre:acucarAgronegócioCana de açúcarClimaCommoditiesSecasTrigo

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto