Economia

Se entregar metas fiscais e reforma tributária, PIB do Brasil pode surpreender, diz Mansueto Almeida

Economista-chefe do BTG Pactual participou do BTG Talks e fez uma avaliação sobre o cenário de juros e de crescimento do Brasil

Mansueto Almeida: economista-chefe do BTG Pactual (BTG Pactual/Divulgação)

Mansueto Almeida: economista-chefe do BTG Pactual (BTG Pactual/Divulgação)

Gilson Garrett Jr.
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 28 de junho de 2023 às 15h18.

Última atualização em 28 de junho de 2023 às 16h04.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), realizada no dia 21 de junho, o colegiado manteve a taxa básica de juro, a Selic, em 13,75% ao ano, mas abriu caminho para o início de um ciclo de cortes a partir de agosto. Em um cenário de juros em queda, o governo atingindo as metas fiscais e o Congresso Nacional aprovando a reforma tributária, o crescimento do produto interno bruto (PIB) do Brasil pode ficar acima do esperado. Essa é a avaliação de Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual (mesmo grupo de controle da EXAME).

Segundo ele, o ano começou com um panorama muito incerto e com investidores cautelosos com o país. "Ter um controle de gastos claro animou o mercado, principalmente em ativos de maior risco. Se entregar as metas fiscais e fazer a reforma tributária, pode ser uma surpresa positiva para o crescimento do Brasil. O mundo não está nos machucando, mas a taxa de juro precisa cair", disse ele durante o BTG Talks, realizado nesta quarta-feira, 28, em um painel mediado por Álvaro Frasson, economista do BTG Pactual.

Juros abaixo de 12%

Mansueto Almeida avalia que o Copom deve começar o ciclo de quedas já na próxima reunião, que será realizada em agosto. "Eu aposto que será em agosto o começo do corte. Há uma chance de ficar abaixo de 12% no fim do ano, mas a resposta para essa pergunta nem o Banco Central tem. Eles precisam ver como será o reflexo das quedas, como a economia e a inflação vão se comportar", afirmou.

O economista-chefe do BTG Pactual ainda comentou que o mercado precisa receber sinais únicos do governo sobre a meta de gastos. Para ele, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem se mostrado comprometido com a meta e estabelecer novas formas de arrecadação. "Precisamos do mesmo discurso da ala política do governo. E isso vai ser essencial para o nosso crescimento. Na hipótese de 2024 não ter juro baixo, o crescimento também vai ser baixo", disse.

Para Mansueto Almeida, o último dado do PIB surpreendeu, mas foi puxado por um único setor, o agronegócio. Segundo ele, para que esse processo seja sustentável, é necessário estimular outras áreas da economia. "Em breve devemos confirmar a meta de inflação contínua em 3% e isso dá mais previsibilidade", disse.

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