Economia

Sanções dos EUA ameaçam plataformas petrolíferas na Venezuela

Quase metade das plataformas em operação vai parar de funcionar se a Casa Branca não prorrogar período de 90 dias de isenção das sanções

Barril de petróleo na Venezuela. Foto: Bloomberg (Blomberg/Bloomberg)

Barril de petróleo na Venezuela. Foto: Bloomberg (Blomberg/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 24 de agosto de 2019 às 08h07.

Última atualização em 24 de agosto de 2019 às 08h07.

A aproximação do prazo para efetivação de sanções dos EUA ameaça a reduzida frota de plataformas petrolíferas da Venezuela e a produção de energia do país que tem a maior reserva de petróleo do mundo.

Quase metade das plataformas em operação na Venezuela vai parar de funcionar até 25 de outubro se a Casa Branca não prorrogar um período de 90 dias de isenção das sanções (waiver), segundo dados compilados pela consultoria Caracas Capital Markets.

Isso poderia abalar ainda mais a produção desta integrante da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) porque as plataformas são necessárias para perfurar novos poços, o que é vital para manter a produção, que já está próxima do menor nível desde a década de 1940.

A paralisação das plataformas também intensificaria a pressão sobre o regime do presidente Nicolas Maduro, que conta com a receita do petróleo para sobreviver.

Os EUA lançam mão de maior pressão econômica para derrubá-lo e permitir novas eleições na nação afundada na crise, que anos atrás ainda era a maior exportadora de petróleo da América Latina e foi uma das fundadoras da Organização dos Países Exportadores de Petróleo.

Havia 23 plataformas realizando perfurações em julho, comparado a 49 apenas dois anos atrás, segundo dados compilados pela Baker Hughes. Dez delas estão expostas a sanções americanas, pelos cálculos da Caracas Capital Markets.

O Departamento do Tesouro dos EUA prorrogou isenções em julho para prestadoras de serviços continuarem a atuar por mais três meses, embora as empresas tivessem solicitado seis meses.

Em sua maioria, as outras agências envolvidas nas deliberações se opuseram a qualquer prorrogação, de acordo com informação passada no mês passado por um representante do alto escalão do governo, que também alertou para maior dificuldade na liberação de outra extensão.

“Quase metade das plataformas é operada pelos ianques e, se a janela se fechar em dois meses, isso realmente vai prejudicar a Venezuela, a menos que os russos e os chineses entrem”, disse Russ Dallen, sócio gestor de Miami na Caracas Capital Markets, em Miami.

Riscos para a produção

Um representante do Tesouro americano informou que a instituição raramente comenta sobre possíveis decisões relacionadas a sanções.

A produção diária de mais de 200.000 barris por quatro projetos tocados pela Chevron pode cessar se os waivers não forem renovados. Seria algo debilitante para Maduro porque, como acionista minoritária, a gigante americana fica com apenas 40.000 barris.

A saída de fornecedoras americanas pode abalar outros projetos na região do Orinoco, onde é necessário perfurar poços constantemente para impedir uma queda na produção.

Empresas americanas também estão envolvidas em joint ventures com a estatal PDVSA em outras regiões, como o Lago Maracaibo.

Um funcionário do Tesouro dos EUA disse que o departamento raramente comenta possíveis ações relativas a sanções.

As sanções implicam riscos geopolíticos para os EUA. Se Maduro se mantiver no poder, as empresas americanas deixariam de ter presença na Venezuela, abrindo espaço para rivais russas como a Rosneft Oil. Companhias chinesas também poderiam se beneficiar. Mesmo se as isenções forem prorrogadas, as incertezas impedem que as empresas expostas façam qualquer planejamento de longo prazo no país.

A assessoria de imprensa da Rosneft não retornou telefonemas e emails da reportagem solicitando comentários sobre as operações na Venezuela.

(Com a colaboração de David WetheDebjit Chakraborty e Dina Khrennikova.)

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