Economia

"Saia da festa antes de a bolha brasileira explodir", diz artigo do FT

Texto no Financial Times aponta suposta bolha em formação no Brasil e aconselha presidente Dilma Roussef a procurar "medidas efetivas, ainda que impopulares", para evitar o pior

O articulista cita como exemplos preocupantes os preços de imóveis do Rio de Janeiro e São Paulo, que teriam dobrado desde 2008 (Germano Lüders/Exame)

O articulista cita como exemplos preocupantes os preços de imóveis do Rio de Janeiro e São Paulo, que teriam dobrado desde 2008 (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2011 às 12h23.

São Paulo – É melhor abandonar as apostas na economia brasileira enquanto não é tarde demais. A recomendação bastante clara e um tanto amedrontadora é de articulista do Financial Times em artigo na edição desta quarta-feira (1). O texto publicado na seção Opinião do jornal britânico afirma que não haveria duvidas de que a economia nacional está superaquecida e caminha rumo à bolha.

Assinado por Moisés Naim, ex-editor-chefe da revista Foreign Policy e hoje associado da Carnegie Endowment for International Peace, o artigo tenta provar que a mistura de moeda forte, consumo e crédito fortalecidos, pleno emprego e euforia dos investidores estrangeiros é uma bomba-relógio.

“A demanda crescente torna tudo mais caro. De fato, enquanto o Brasil continua a ser um país muito pobre, é atualmente um dos mais caros do mundo”, diz Naim. O articulista cita como exemplos preocupantes os preços de imóveis do Rio de Janeiro e São Paulo, que teriam dobrado desde 2008, os aluguéis de escritórios no Rio de Janeiro mais caros que Nova York, e a inflação acelerada, que já entrou na mira da preocupação governamental. “Tudo isso junto aparenta não apenas um superaquecimento, mas o preocupante começo de uma bolha”, resume Naim. 

O articulista acredita que a presidente Dilma Rousseff deva “tomar medidas hoje para desaquecer a economia, mesmo que isso envolva decisões impopulares”. Caso ela não aja agora, diz o autor, “os mercados financeiros irão, no momento apropriado, impor as correções necessárias de um modo mais brutal".

A crise que aguarda na esquina já foi vista antes, diz Naim, em situações como as do México, da Rússia e das economias asiáticas em rápido crescimento. Por fim, o artigo encerra tão enfático e incisivo quanto começou: “Exuberância e complacência são os dois inimigos ameaçando o atual sucesso do Brasil”.

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