Economia

Safra, Credit e Votorantim avaliam empréstimo a elétricas, dizem fontes

O empréstimo será pago em cinco anos, com custos repassados às tarifas dos consumidores. As taxas ainda não estão definidas

Elétrica: a Aneel aprovou R$ 16 bilhões para empréstimos a elétricas devido à pandemia (Nacho Doce/Reuters)

Elétrica: a Aneel aprovou R$ 16 bilhões para empréstimos a elétricas devido à pandemia (Nacho Doce/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 25 de junho de 2020 às 18h40.

Última atualização em 25 de junho de 2020 às 22h14.

Credit Suisse, BNP Paribas e Sumitomo Mitsui Banking Corp estão considerando participar de um sindicato de bancos que fornecerá um empréstimo de 16,1 bilhões de reais para apoiar distribuidoras de energia no Brasil, que têm sofrido com impactos da pandemia de coronavírus sobre o setor, disseram à Reuters três fontes próximas do assunto.

Os bancos brasileiros Safra e Banco Votorantim também estão conversando com o banco de desenvolvimento BNDES, que lidera os esforços para estruturar o financiamento, enquanto Itaú Unibanco, Banco Bradesco, Santander Brasil e Banco do Brasil já estão confirmados no grupo, segundo as fontes, que falaram sob anonimato.

O empréstimo será pago em cinco anos, com custos repassados às tarifas dos consumidores. As taxas de juro ainda não estão definidas.

A transação ajudará o fluxo de caixa de elétricas controladas pela italiana Enel Spa, a espanhola Iberdrola, a portuguesa EDP e a chinesa State Grid, além de importantes grupos locais, como Cemig, Equatorial Energia, Energisa e Light.

BTG Pactual e Banco Alfa também estão avaliando entrar na operação, que ganhou o nome de "Conta Covid" do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), disse uma das fontes.

A Caixa Econômica Federal, que participou das discussões iniciais com o grupo de bancos, decidiu ficar de fora da transação, disse uma segunda fonte.

"BNDES, BB, Santander, Itaú e Bradesco são as bases estruturais da operação, provavelmente ficarão com os maiores valores", disse a segunda pessoa, que acompanha as conversas com os bancos.

Esses últimos cinco bancos têm maior incentivo a participar do financiamento devido à sua exposição significativa ao setor elétrico brasileiro e às consequências potencialmente desastrosas de uma eventual crise de caixa entre distribuidoras de energia, que poderia até se espalhar para outros ramos do setor, como geradoras e transmissoras, acrescentou a fonte.

"A demanda [para participar do empréstimo] é próxima a 20 bilhões de reais. Essa é uma transação importante e um marco para o mercado de energia", afirmou uma terceira fonte com conhecimento das negociações.

Procurados, BTG Pactual e Bradesco recusaram-se a falar sobre o assunto. Credit Suisse e BNP Paribas não responderam de imediato aos pedidos de comentário. BB, Santander, Itaú e Bradesco também não retornaram de pronto.

O Ministério de Minas e Energia e o BNDES não se manifestaram de imediato sobre a operação. Não foi possível falar com representantes de Sumitomo Mitsui, Banco Alfa e Banco Votorantim.

O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, disse na quarta-feira que mais de dez bancos estão em negociações para participar da Conta Codiv. Ele não abriu nomes. Todas as informações sobre a operação, incluindo custos, devem ser divulgadas na próxima semana, disse ele durante uma transmissão ao vivo online realizada pela FGV Energia.

O consumo de energia no Brasil despencou 12% em abril, primeiro mês inteiramente sob efeito de quarentenas e medidas de isolamento adotadas para impedir a propagação do coronavírus no país. Em maio, o consumo caiu quase 11% ano a ano.

O Ministério de Minas e Energia estima que as empresas de distribuição de energia foram impactadas negativamente em 8,6 bilhões de reais por causa da pandemia desde 18 de março, devido à queda de consumo e inadimplência.

Além do empréstimo, as empresas de distribuição de energia estão pedindo à Aneel que avalie outras medidas em decorrência da pandemia, que poderiam incluir uma revisão extraordinária de tarifas, mas a agência disse que o assunto será discutido em um processo de audiência pública ainda a ser aberto.

Acompanhe tudo sobre:Banco SafraCredit SuisseMitsuiVotorantim

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo