Economia

Por que a S&P tirou o grau de investimento do Brasil

Agência anunciou a retirada do grau de investimento do Brasil ao rebaixar o rating do país BBB- para BB+

Agência Standard %26 Poors (S&P) (AFP/Stan Honda)

Agência Standard %26 Poors (S&P) (AFP/Stan Honda)

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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2015 às 11h13.

São Paulo - A agência de classificação de risco Standard & Poor's espera que a contração do econômica do Brasil seja mais profunda e longa e que o país enfrente dois anos consecutivos de retração do Produto Interno Bruto (PIB).

Para 2015, a agência projeta que o PIB irá recuar 2,5%. Em 2016, a retração deve ser de 0,5%. A S&P acredita que o país somente voltará a crescer, ainda que modestamente, em 2017.

A avaliação consta no comunicado em que a S&P anunciou a retirada do grau de investimento do Brasil ao rebaixar o rating do país BBB- para BB+, mantendo a perspectiva da nota em negativa.

"Acreditamos que o perfil de crédito do Brasil enfraqueceu ainda mais desde 28 de julho, quando revisamos a perspectiva do Brasil para negativa. Naquele momento, sinalizamos riscos maiores de execução para as mudanças políticas corretivas já em andamento, resultantes principalmente das dinâmicas fluidas no Congresso associadas ao alastramento dos efeitos das investigações sobre corrupção na estatal de energia Petrobras. Nós agora vemos menos convicção, dentro do gabinete da presidente, sobre a política fiscal", diz o comunicado da S&P.

Para a agência, "a proposta de Orçamento para 2016 apresentada em 31 de agosto incorporou mais uma revisão das metas fiscais do governo em um período curto de tempo. O Orçamento proposto se baseia em um déficit primário de 0,3% do PIB, ao invés da meta revisada anteriormente de superávit de 0,7% do PIB que havia sido anunciada em julho. Essa mudança reflete divergências internas sobre a composição e a magnitude das medidas necessárias para corrigir a derrapagem nas finanças públicas".

O relatório também diz que "sem um desempenho inesperadamente melhor, a meta fiscal proposta no Orçamento geraria três anos consecutivos de déficits fiscais primários e uma elevação contínua da dívida líquida geral do governo."

"Nós agora temos a expectativa de que o déficit geral do governo suba para uma média de 8% do PIB em 2015 e 2016, antes de declinar para 5,9% em 2017, versus 6,1% em 2014. Não temos a expectativa de um superávit primário em 2015 ou em 2016. Uma carga de juros elevada (e em declínio lento), tendo em vista taxas de juro elevadas e o impacto de um real mais fraco nos swaps cambiais em poder do mercado, contribui para o déficit grande. A mudança levemente maior na relação dívida geral do governo/PIB, em comparação com o número principal do déficit, incorpora algumas flutuações nas operações de recompra do Banco Central e um fim para os gastos extraorçamentários", diz o relatório.

"Temos a expectativa de que a dívida geral do governo, descontados os ativos líquidos (sem incluir as reservas internacionais), vá crescer para 53% do PIB neste ano e para 59% no próximo ano, de 47% em 2014. Também temos a expectativa de que os juros sobre as receitas permaneçam acima de 20% neste ano e no próximo, de 15% no ano passado, e uma moderação lenta, tendo em vista a depreciação do real e as taxas de juro mais altas. Avaliamos os passivos contingentes do setor financeiro e de todas as empresas públicas não financeiras, inclusive a Petrobras, como 'limitados', do modo como nossos critérios definem o termo."

A agência disse ainda que as perspectivas de crescimento para o Brasil são inferiores às de países em um estágio semelhante de desenvolvimento, apesar dos esforços do governo com o ajuste fiscal e a aproximação dos setores produtivos.

"Nós não vemos que estas medidas tenham melhorado o sentimento empresarial. Parece agora que o Brasil está mais longe de uma mudança para um crescimento positivo até que algumas incertezas políticas sejam resolvidas", diz a agência.

Desta forma, a agência espera que a vulnerabilidade externa do Brasil suba nos próximos anos e que o investimento estrangeiro direto seja incapaz de cobrir integralmente o déficit em conta corrente do Brasil.

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