S&P: agência afirmou que vai manter a perspectiva negativa para o rating do país enquanto as incertezas políticas permanecerem (Mario Tama/Getty Images/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2016 às 15h58.
Brasília - A Standard & Poor's disse nesta quinta-feira que pode cortar o rating do Brasil ainda mais, conforme a crise política atrasa medidas importantes para reequilibrar as finanças do país.
A diretora da S&P Lisa Schineller afirmou em teleconferência que vai manter a perspectiva negativa para o rating do país enquanto as incertezas políticas permanecerem, sugerindo uma chance grande de outro rebaixamento após o movimento de quarta-feira.
A agência de classificação de risco rebaixou a nota do Brasil para "BB", de "BB+", apenas cinco meses depois de se tornar a primeira a tirar o grau de investimento do país.
O déficit fiscal do Brasil deve permanecer alto e o crescimento econômico fraco, com o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff adiando a adoção de medidas para aumentar as receitas e reduzir os gastos do governo.
"A dinâmica política fluida mantém na mesa o risco de inconsistência de política econômica e reversões de política econômica", disse Lisa. "Vamos revisar a perspectiva para estável se virmos condições para uma execução consistente de política econômica."
Lisa afirmou que a reforma da Previdência proposta pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, é "muito importante", mas como outras iniciativas enfrenta desafios políticos.
Ela também destacou o risco de resultados fiscais mais fracos em meio a discussões para adotar uma meta fiscal flexível.
"A trajetória fiscal continua a enfraquecer. A capacidade de correção no curto prazo é definitivamente desafiadora", disse ela.
Lisa também citou uma "possibilidade muito grande" de que a Petrobras receba algum apoio extraordinário do governo conforme a empresa busca reduzir sua dívida.
"Esperamos que o governo esteja presente para fornecer assistência em um momento derradeiro se necessário", disse Lisa.
Duas fontes disseram que bancos estatais estariam considerando converter parcialmente ou totalmente a dívida da Petrobras em ações. A empresa mais endividada do mundo sofre com uma forte queda nos preços do petróleo e um escândalo de corrupção.
O déficit orçamentário brasileiro disparou desde que Dilma assumiu a presidência em 2011. O déficit chegou a 10,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, quase cinco vezes o déficit dos 12 meses até meados de 2011.
A economia brasileira caminha para a pior recessão desde que os registros começaram em 1901, após retração estimada em cerca de 4 por cento no ano passado. Mais de 1,5 milhão de pessoas perderam seus empregos no ano passado, o que ajudou a derrubar a aprovação de Dilma.