Instalação de gás perto de Kiev, Ucrânia: Ucrânia afirmou que o preço está alto demais e que não pagaria pelo abastecimento diante dos novos valores (Andrey Sinitsin/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2014 às 15h06.
Moscou/Kiev - A Rússia aumentou o preço do gás para a Ucrânia, pela segunda vez em apenas três dias, resultando em uma alta de 80 por cento, o que eleva a pressão sobre uma economia já à beira da falência.
A Ucrânia, que conta com um novo pacote de empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) para amortecer um pouco a sua situação, repudiou o aumento, dizendo que ele tem motivações políticas.
A Ucrânia afirmou que o preço está alto demais e que não pagaria pelo abastecimento diante dos novos valores.
Moscou tem usado frequentemente a energia como arma política para lidar com os seus vizinhos, e os clientes europeus estão preocupados se a Rússia poderia cortar novamente as entregas em meio à pior crise Leste-Oeste desde o fim da Guerra Fria, após a anexação da Crimeia pelos russos.
O presidente da maior produtora de gás natural da Rússia, a Gazprom, Alexei Miller, disse ao primeiro-ministro Dmitry Medvedev nesta quinta-feira que o aumento do preço deveu-se à introdução de um imposto de exportação sobre o gás.
"O preço do gás aumentará automaticamente a partir de abril", disse Miller.
O mais recente aumento levará o preço para 485 dólares por mil metros cúbicos --dois dias depois de a Gazprom anunciar um aumento de 44 por cento no preço do gás, para 385,5 dólares por mil metros cúbicos, ante 268,5 dólares, devido a contas não pagas.
A Ucrânia, que cobre 50 por cento das suas necessidades de gás com o produto russo, condenou a alta.
"A economia ucraniana não deveria pagar tal preço pelo gás. É um preço político", disse o ministro da Energia da Ucrânia, Yuri Prodan, a repórteres em Kiev.
Valery Nesterov, analista do Sberbank CIB, disse que a Ucrânia poderia recorrer a um tribunal internacional para tentar um acordo.
A Gazprom teve que concordar em reduzir os preços de gás e em melhorar as condições contratuais para os seus clientes europeus após ser desafiada em tribunais.
A União Europeia recebe cerca de metade do gás russo através da Ucrânia.
"Seria extremamente difícil para a Ucrânia pagar tal preço. Acho que este é apenas um instrumento para futuras negociações utilizadas pela Gazprom", disse Nesterov.