Romero Jucá: para senador, queda na inflação justifica um corte mais profundo na taxa de juros (Moreira Mariz/Agência Senado)
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de fevereiro de 2017 às 09h42.
Brasília - O líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB-RR), defendeu, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, queda de um ponto porcentual da Selic (taxa básica de juros) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 21 e 22 deste mês.
Ele ponderou que o comportamento da inflação já permite maior rapidez na queda dos juros.
Na quarta-feira, 8, foi divulgado o índice oficial de inflação (IPCA) de janeiro, que registrou alta de 0,38%, o mais baixo resultado para o mês desde o início da série história do IBGE, em dezembro de 1979.
Em meados de janeiro, no Fórum Econômico de Davos, na Suíça, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, havia dito que a queda de 0,75 ponto porcentual da Selic, que na ocasião surpreendeu o mercado financeiro, marcava o novo ritmo de queda dos juros.
Jucá faz questão de frisar que defende a redução da taxa básica de juros - atualmente em 13% - em 1 ponto porcentual "como economista".
Ele destaca que essa decisão, que leva em conta "critérios técnicos", cabe ao Banco Central e o restante do governo não deve tecer qualquer comentário.
Contudo, o senador avaliou que, desde a última reunião do Copom, os indicadores macroeconômicos tiveram melhora maior do que as projeções iniciais. Além da queda da inflação, ele citou, como fatores que podem impulsionar uma queda mais acentuada da Selic, o fato de o governo ter controlado os preços administrados, o câmbio estar em um patamar baixo e o Fed, o banco central norte-americano, não ter aumentado suas taxas de juros.
Jucá acredita que a tendência é que em dois meses a inflação no País chegue ao centro da meta, de 4,5%. Ele destaca que o resultado da taxa em 12 meses está em 5,35% com "viés de queda".
Limite de gastos
O senador rebateu as críticas de que o comportamento dos juros do governo Temer poderia se assemelhar ao da gestão Dilma Rousseff, quando a taxa desceu a 7,25%, mas depois voltou a subir.
Ele afirmou que a redução no atual governo não é um "corte abrupto", porque Dilma derrubou os juros "artificialmente" e desorganizou os gastos. "O governo atual não está fazendo isso. Ao contrário, criou um limitador de gastos públicos", defendeu.
A expectativa de queda mais rápida da taxa de juros também cresceu depois da divulgação do IPCA de janeiro, mas ainda parece dividir as alas política e econômica do governo.
Uma fonte da Fazenda vê com cautela a possibilidade de queda da Selic em 1 ponto porcentual. "Acho que não deve acelerar, até porque, quando o Brasil voltar a crescer, vai ter de ajustar para cima a taxa, pois 9% não parece ser a taxa de equilíbrio, com crescimento rodando entre 2% e 3%."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.