Rodrigo Maia: deputado afirmou que a "prioridade" da pauta da Câmara desta semana será a PEC do teto (REUTERS/Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2016 às 13h11.
Brasília - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), previu na manhã desta segunda-feira, 10, que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria um teto para os gastos públicos deve ser aprovada, em primeiro turno, com votos favoráveis de até 380 deputados.
"Pelas minhas projeções, vai se chegar a 360, 380 deputados votando a favor da PEC", afirmou em entrevista ao chegar à Câmara. Segundo ele, o quórum na sessão deve ser alto, embora só 250 parlamentares tivessem registrado presença na Casa por volta das 11 horas.
Maia afirmou que a "prioridade" da pauta da Câmara desta semana será a PEC do teto. Ele reiterou que o projeto que altera a lei de repatriação só deve ser votado após PEC. "Depois da votação da PEC, encaminharemos repatriação que, se tiver acordo, vai ser votação muito rápida", disse.
Faltando poucas horas para a votação em primeiro turno do teto do gasto, o relator da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), prevê aprovação da matéria com folga pelo Plenário da Câmara dos Deputados.
Mapeamento realizado com as lideranças mostra que o governo já tem 365 votos favoráveis à medida. Em entrevista ao Broadcast, o peemedebista disse que o governo trabalhará com uma "gordura", para chegar a até 390 votos.
"Nosso controle de votos se intensificou, já passamos de 365 votos, vamos fechar hoje em 380, 390 votos, com margem", disse Perondi, que chegou cedo a seu gabinete no quinto andar do anexo da Câmara para comandar o esforço concentrado de última hora para virar o voto de indecisos. "Estamos muito seguros da aprovação", disse o relator.
Perondi contou que o presidente Michel Temer, que neste domingo ligou para mais de 20 deputados ainda sem opinião formada sobre a PEC, vai continuar hoje nesse corpo-a-corpo para garantir a aprovação da proposta. Há cerca de um mês, o governo tem trabalhado para conseguir os votos, movimento que se intensificou nas últimas semanas com jantares e cafés da manhã. Com um mapeamento em mãos, a equipe de Perondi tem feito um "pente-fino" dos votos em conjunto com a liderança do governo desde a última sexta-feira (7).
"Se alguém está indeciso, líder vai dizer por que não quer votar. Quer mais explicação sobre o piso da saúde? Eu ou o consultor vamos sentar com o parlamentar e explicar. Tem uma pendência de um cargo lá no Estado dele? Se aciona o ministro para ver se está para sair, ou não tem nada, ou precisa mais uma semana. De repente o assunto é cabeludo e não tem como resolver, não tem como ter o voto", disse o relator. "Nós fizemos um governo parlamentarista. Estamos verificando isso."
A votação está prevista para ocorrer entre 22h de hoje e 2h de terça-feira (11). O governo precisa antes votar a quebra de interstício, pois na última sexta-feira não conseguiu garantir quórum para a sessão requerida pelo regimento entre as votações na comissão especial e no Plenário. O relator, no entanto, descartou qualquer manobra regimental da oposição para protelar a apreciação da matéria em plenário.
"Oposição, que critica teto de gastos nas redes sociais, não tem voto", disse Perondi. "Nós estamos muito bem nas redes sociais em defesa do teto."
A manifestação contrária à PEC feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na semana passada não deve atrapalhar os planos do governo. O Ministério Público disse que a proposta representa risco às atividades de combate à corrupção no País. "Não há espaço para chantagem. Todos precisam ajudar", afirmou Perondi.
O peemedebista afirmou que já consultou um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que teria dito que a tese de inconstitucionalidade da PEC levantada pela PGR não prospera na corte.
Apesar disso, o relator reconhece que a cláusula que prevê o congelamento de salários de servidores em caso de descumprimento do teto pode gerar pressão durante a votação. "O que mais está havendo pressão é das corporações egoístas e opulentas", afirmou.
O prazo de vigência da PEC, 20 anos com possibilidade de mudança na regra a partir do 10º ano, não deve ser alterado, disse o deputado. O PSDB, que havia apresentado emenda para alterar essa previsão, já fechou questão a favor do texto apresentado pelo relator na semana passada.
Nesta terça, o relator já prevê concentrar os trabalhos para a votação em segundo turno na Câmara, que deve ocorrer no próximo dia 24. Depois disso, a matéria irá para o Senado, onde não deve enfrentar dificuldades, segundo Perondi. "Renan (Calheiros, presidente do Senado) está fechado com a PEC", disse.