Economia

Rio perde para Santa Catarina 3º lugar em PIB per capita no país

O Rio foi o estado que menos cresceu de 2002 a 2018, com alta de 23,3% no indicador. O 2º estado que menos cresceu nesse intervalo mostra evolução de 30%

Rio: situação fiscal preocupante do estado ficou mais clara recentemente, quando precisou de resgate financeiro (Frédéric Soltan/Corbis/Getty Images)

Rio: situação fiscal preocupante do estado ficou mais clara recentemente, quando precisou de resgate financeiro (Frédéric Soltan/Corbis/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 9 de dezembro de 2019 às 19h23.

Última atualização em 9 de dezembro de 2019 às 19h43.

São Paulo — Mais pobre, o Rio de Janeiro perdeu em 2018 para Santa Catarina o terceiro lugar no ranking de maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Brasil, segundo projeção feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Como os resultados da economia dos estados são consolidados com bastante defasagem em relação aos da economia nacional, esse movimento poderá ser confirmado no ano que vem, quando o  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o resultado final de seu cálculo. 

"O que me chama mais atenção nesses dados é que, de 2002 a 2018, o Rio foi o pior estado do país em termos de crescimento", diz Juliana Trece, pesquisadora do Ibre responsável pela projeção.

Nesse período, o PIB per capita do Rio cresceu 23,3%. O segundo estado que menos cresceu no indicador nesse intervalo foi o Rio Grande do Sul, com uma taxa bem superior, de 30%.

Na série histórica que começa em 2002, o Rio deixou de ocupar o terceiro lugar na lista — encabeçada pelo Distrito Federal, seguido de São Paulo — apenas três vezes nos últimos 16 anos: 2004, 2005 e 2007, anos em que foi empurrado para quarto lugar por Santa Catarina.

Em 2008, o Rio recuperou a terceira posição, onde se manteve até 2017.

Esse período de "bonança" pode ser explicado, segundo Marcel Balassiano, pesquisador da área de Economia Aplicada do Ibre/FGV, por alguns motivos. Um deles é o fato de o Brasil ter conseguido o direito à sediar as Olimpíadas de 2016. "A notícia veio em 2009. Dessa data até a realização do evento, o estado ganhou com investimentos públicos e privados", diz.

O levantamento mostra que, de 2002 a 2014, o PIB per capita do Rio avançou 34,8%. De 2014 a 2017, no entanto, seu PIB per capita recuou 8,5%.

Passado o efeito dos investimentos ligados às Olimpíadas, o estado passou a sofrer mais com as influências do resto do país — que viu a maior recessão de sua história recente em 2015 —, e com suas próprias insuficiências financeiras, causadas por contas pouco sustentáveis.

"Para além da corrupção pela qual o estado passou, para termos uma ideia, em 2017, o Rio gastou mais com Previdência de seus servidores do que com os setores de saúde e educação", diz Balassiano.

Vale ressaltar que, durante períodos de crise financeira nacional, o estado também recebe menos recursos vindos de ICMS, por exemplo, que representa grande parte das receitas estaduais. Marcel também inclui nessa conta a redução das receitas vindas do petróleo, importantes para o Rio, e cujo preço caiu bastante nos últimos anos.

A situação fiscal preocupante do Rio ficou mais clara recentemente, quando o estado precisou de resgate financeiro e aderiu ao Regime de Recuperação Fiscal dos Estados.

"Se continuar desse jeito, o Rio será ultrapassado não só por Santa Catarina, mas por outros estados também", diz Trece. Rio Grande do Sul e Mato Grosso são os próximos na fila para fazer a ultrapassagem.

As projeções para 2018 foram feitas com base no IBC-BR, publicado mensalmente pelo Banco Central, e só para quatro estados: Rio, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Por isso, não é possível fazer um ranking nacional.

 

Acompanhe tudo sobre:Estados brasileirosPIBRio de JaneiroSanta Catarina

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto