A indústria de materiais vem sofrendo com vendas abaixo do esperado ao longo de 2012, reflexo do cenário econômico de desaceleração do crescimento (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 6 de novembro de 2012 às 12h27.
São Paulo - A indústria de materiais de construção deve ter um cenário mais favorável em 2013, impulsionada pelo varejo e pelas obras de infraestrutura, após a associação que representa o setor no país reduzir pela segunda vez a previsão de vendas para este ano.
"O cenário para 2013 é muito diferente, teremos um quadro melhor... este ano o varejo foi muito bem, mas a infraestrutura foi muito prejudicada, afetando a indústria", disse a jornalistas o presidente da Associação Brasileira de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover, nesta terça-feira.
Ele citou uma maior disponibilidade de crédito, o baixo nível de desemprego, o aumento de renda da população e as desonerações de itens do setor como fatores que poderão favorecer a indústria no próximo ano.
A indústria de materiais vem sofrendo com vendas abaixo do esperado ao longo de 2012, reflexo do cenário econômico de desaceleração do crescimento e fatores como dificuldade de obtenção de crédito pelas famílias, importação de materiais, redução no ritmo das obras imobiliárias e de infraestrutura.
No ano até setembro, as vendas acumulam alta de apenas 1,3 por cento, no comparativo anual, o que levou a Abramat a reduzir a previsão para o fechado deste ano para alta entre 2 e 2,5 por cento no faturamento do setor.
A entidade esperava inicialmente crescimento de 4,5 por cento nas vendas de materiais de construção em 2012 e já havia diminuído a estimativa para alta de 3,4 por cento.
"O ambiente macroeconômico mais favorável vai refletir na indústria em 2013", afirmou Cover, assinalando que a demanda da indústria deve ser sustentada principalmente pelas compras das famílias.
No ano passado, 47 por cento da produção da indústria de materiais voltada ao consumo foi destinada às famílias, enquanto 31 por cento foi para o setor imobiliário e 22 por cento para infraestrutura.
"O varejo de materiais será fundamental para ajudar na recuperação do setor, somado à infraestrutura", disse Cover. Já o setor imobiliário, segundo ele, deve manter a tendência de desaceleração vista este ano, com menos lançamentos e foco em vendas de estoques.
Ele citou ainda o menor impacto das importações no setor a partir do próximo ano. Em 2011, a participação das importações na oferta local do setor chegou a 6,2 por cento, contra 5,2 e 4 por cento em 2008 e 2005, respectivamente. "O varejo de materiais não sofre impacto dos importados, ao contrário da indústria", afirmou.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas de materiais no varejo acumula alta de 8,7 por cento este ano até agosto. A estimativa para o ano como um todo é de aumento de 8,2 por cento.
No âmbito da infraestrutura, o governo anunciou em agosto um pacote de concessões de ferrovias e rodovias, que prevê investimentos de 133 bilhões de reais em 25 anos.
"Os efeitos não são imediatos, mas a infraestrutura vai começar a recuperar a fatia perdida (no setor de materiais)", acrescentou Cover.