Economia

República popular de Donetsk rompe laços comerciais com Ucrânia

Medida foi adotada em resposta à recusa do governo de suspender o bloqueio econômico e de transporte feito por um grupo de ativistas e políticos

Bloqueio: o território também pretende deixar de pagar impostos aos cofres da Ucrânia (Konstantin Chernichkin/Reuters)

Bloqueio: o território também pretende deixar de pagar impostos aos cofres da Ucrânia (Konstantin Chernichkin/Reuters)

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EFE

Publicado em 3 de março de 2017 às 10h24.

Última atualização em 3 de março de 2017 às 10h24.

Kiev - A autoproclamada república popular de Donetsk anunciou nesta sexta-feira que rompe todos os laços comerciais com o resto da Ucrânia após tomar o controle nesta semana de todas as empresas ucranianas em território separatista.

"Rompemos todos os laços com a Ucrânia, com a qual estamos combatendo. Sim, lhes vendíamos carvão, mas era para ganhar dinheiro e pagar os salários", disse Aleksandr Zakharchenko, líder dos pró-Rússia de Donetsk, à imprensa local.

Zakharchenko acrescentou que, "como agora aprendemos a viver sob um bloqueio (por parte de Kiev), agora somos nós que declaramos o bloqueio à Ucrânia".

Além disso, afirmou que no território sob controle pró-Rússia não resta nem uma só companhia sob jurisdição ucraniana, deixando assim de pagar impostos aos cofres da Ucrânia.

O líder separatista anunciou nesta semana a imposição de gerentes externos às cerca de 40 empresas sob jurisdição ucraniana com sede no território.

Essa medida foi adotada em resposta à recusa do governo de Kiev a suspender o bloqueio econômico e de transporte de entidades rebeldes, organizado por um grupo de ativistas e políticos ucranianos que consideram que comercializar com os separatistas é ilegal.

"É o fim da jurisdição ucraniana sobre nosso território. Historicamente nossa economia estava orientada para a Rússia. Do ponto de vista da produção industrial, é correto restabelecer esses laços que havia durante a URSS", destacou Zakharchenko.

O líder admitiu que o processo "não será rápido", mas é viável: "Nos orientaremos rumo à Rússia".

"A grande mentira da Ucrânia é que ninguém quer nossa produção, a não ser na Ucrânia. Na Rússia e no Cazaquistão necessitam de nossa produção. Nosso metal é processado em qualquer mercado da Europa", disse.

A Ucrânia pediu à comunidade internacional e, em particular, à Alemanha e França, integrantes do formato de Normandia para regulação do conflito no leste do país, que reajam perante o que Kiev considera a "nacionalização" das empresas do Donbass.

Há duas semanas, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto no qual ordenou reconhecer como válidos na Rússia todos os documentos, incluídos os de identidade, emitidos pelos separatistas de Donetsk e Lugansk.

A medida foi qualificada de "humanitária" pelo ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, que disse que é "provisória" e estará em vigor "até a regulamentação política da situação" no leste da Ucrânia.

A Ucrânia denunciou que com o reconhecimento dos documentos emitidos pelos separatistas, o Kremlin não só viola sua integridade territorial, mas renuncia ao cumprimento dos acordos de paz assinados em Minsk em fevereiro de 2015.

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