García-Legaz afirmou que a expropriação de 51% da companhia petrolífera argentina YPF "não é só um motivo de preocupação para a Europa, mas também para a América" (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 19 de abril de 2012 às 17h02.
Puerto Vallarta - Ministros da Economia e altos representantes dos países membros do G20 começaram nesta quinta-feira uma reunião de dois dias na qual além de debaterem o comércio global irão discutir a expropriação da companhia petrolífera YPF, da espanhola Repsol, pelo governo argentino.
O encontro, que está sendo realizado em Puerto Vallarta, no México, faz parte dos eventos preparativos para a cúpula do G20, que acontecerá em junho neste país, na cidade de Los Cabos.
Entre os presentes, encontram-se 16 ministros dos cinco continentes e outros altos representantes. A lista total conta com 29 participantes, incluídos os diretores da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), José Ángel Gurría.
Na mesa de negociação, está o recente anúncio da nacionalização da YPF, uma decisão que segundo a Espanha, convidado permanente do G20, choca-se "frontalmente" com os pilares do grupo.
"O G20 é um fórum que promove o livre-comércio, a economia de mercado, e esta é uma decisão protecionista que rompe a segurança jurídica, que rompe as regras do livre mercado, e portanto os próprios pilares do G20", afirmou em declarações o secretário de Estado de Comércio da Espanha, Jaime García-Legaz.
A intervenção argentina na YPF já foi debatida no Fórum Econômico Mundial para a América Latina, que foi realizado entre terça-feira e quarta-feira em Puerto Vallarta, e o assunto está na agenda de autoridades de todo o mundo.
Em declarações aos jornalistas durante um intervalo da reunião ministerial do G20, García-Legaz disse que durante os debates serão feitos "discursos muito claros", por parte por exemplo da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos, sobre o assunto.
García-Legaz afirmou que a expropriação de 51% da companhia petrolífera argentina YPF "não é só um motivo de preocupação para a Europa, mas também para a América".
"A decisão afetou também companhias norte-americanas e existem muitos governos da América Latina preocupados com o risco de contágio" da ação do governo argentino.
Segundo sua opinião, muitos investidores internacionais podem pensar que outros governos latino-americanos adotarão medidas parecidas no futuro, o que seria um fator que desestimularia o investimento na região.
A reunião foi aberta pelo secretário de Economia do México, Bruno Ferrari, que afirmou anteriormente que o objetivo do encontro é realizar "uma discussão essencial sobre os lucros e oportunidades do sistema multilateral de comércio".
De acordo com as autoridades mexicanas, a reunião tem vários objetivos, entre eles assegurar a manutenção da abertura dos mercados e garantir uma relação positiva entre comércio e crescimento.
Além disso, será debatida no encontro a possibilidade de se estabelecer mecanismos que reforcem a elaboração de relatórios sobre medidas antiprotecionistas, feitos periodicamente pela OMC e a OCDE.
Na primeira parte da abertura da reunião, aberta para a imprensa, representantes da iniciativa privada apresentaram vários temas que pretendem levar para a cúpula do grupo.
As recomendações desse grupo, chamado B20, apresentadas também no Fórum Econômico Mundial para a América Latina, foram elaboradas desde janeiro. Os temas incluem áreas como segurança alimentar, meio ambiente, emprego, corrupção, investimento e comércio, tecnologia e informação e o financiamento para o desenvolvimento.
O encontro ministerial de comércio do G20 será encerrado amanhã, com uma entrevista coletiva de Bruno Ferrari.