Economia

Repasse da variação do dólar é menor que há 10 anos, diz BC

De acordo com os economistas, um dos efeitos da alta do dólar na inflação é o aumento dos preços dos produtos importados


	 Com o dólar mais caro, os exportadores podem preferir vender no exterior e, com a redução da oferta no país, os preços sobem
 (AFP)

Com o dólar mais caro, os exportadores podem preferir vender no exterior e, com a redução da oferta no país, os preços sobem (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de setembro de 2014 às 16h39.

Brasília - A intensidade do repasse da variação do dólar para a inflação é bem menor do que há dez anos, na avaliação do diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo. De acordo com os economistas, um dos efeitos da alta do dólar na inflação é o aumento dos preços dos produtos importados.

O efeito também pode chegar a produtos fabricados no Brasil que tenham matérias-primas produzidas no exterior. Além disso, com o dólar mais caro, os exportadores podem preferir vender no exterior e, com a redução da oferta no país, os preços sobem.

Para o diretor, a intensidade do repasse depende do “tamanho da variação do câmbio”. Segundo ele, “o quão permanente essa variação é percebida pelos agentes e também da posição cíclica da economia [se está em retração, crescimento ou estagnação]”. Ou seja, com a economia atualmente em ritmo baixo de crescimento, o repasse da alta do dólar para os preços tende a ser menor. O BC espera que a economia cresça 0,7%, este ano.

Para fazer as projeções para a inflação, o BC usou em seu cenário de referência a taxa de câmbio em R$ 2,25. Mas o dólar tem superado R$ 2,40. Hoje, a cotação do dólar chegou a R$ 2,47, pela manhã. A data de corte escolhida pelo BC para fazer as projeções foi 5 deste mês.

Segundo o diretor, no futuro, com novas informações, as projeções do BC podem ser revistas. O próximo Relatório de Inflação, com as estimativas para inflação e para a economia, será divulgado em dezembro.

O diretor disse ainda que o programa de venda de dólares no mercado futuro seguirá até dezembro deste ano. No último dia 23 à noite, depois que o dólar ultrapassou a barreira de R$ 2,40, o BC anunciou o aumento da rolagem (renovação) de contratos de swap cambial, que equivalem à venda da moeda no mercado futuro. O BC decidiu ofertar 15 mil contratos (US$ 750 milhões), em vez de 6 mil contratos, por dia, como vinha fazendo. Além da rolagem, o BC manteve o programa de venda diária de 4 mil contratos.

“Não temos nenhum compromisso com patamares para taxa de câmbio”, disse o diretor. “Não fazemos projeção para taxa de câmbio. Não teria nada a acrescentar a esse respeito. Não esperamos nem que suba, nem que desça nem que fique parado”, enfatizou.

Araújo acrescentou que o programa de venda de dólares no mercado futuro tem oferecido proteção cambial para as empresas. Ele disse que o programa “tem funcionado bem, dado os resultados esperados, tem ajudado os mercados a se ajustarem ao cenário [de redução da injeção de dólares no mercado global pelos Estados Unidos]”.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCâmbioDólarInflaçãoMercado financeiroMoedas

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto