Economia

Rendimento médio real do brasileiro supera nível pré-pandemia e chega a R$ 2.846 em 2023

O valor do rendimento de todas as fontes subiu 7,5% no último ano, mas ficou abaixo do valor máximo da série histórica de R$ 2.850, registrado em 2014

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 19 de abril de 2024 às 10h09.

Última atualização em 19 de abril de 2024 às 10h10.

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O rendimento médio real do brasileiro cresceu 7,5% e atingiu o valor de R$ 2.846 em 2023, após registrar R$ 2.648 em 2022. O valor do rendimento de todas as fontes no último ano superou o nível pré-pandemia, mas ficou abaixo do valor máximo da série histórica de R$ 2.850, registrado em 2014. Os dados são do relatório Rendimentos de todas as fontes 2023 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) divulgado nesta sexta-feira, 19, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o IBGE, a região com o maior rendimento mensal foi o Centro-Oeste, com R$ 3.355, seguida pelo Sudeste com R$ 3.308 e pelo Sul com R$ 3.149. A região Norte teve R$ 2.255 e o Nordeste teve rendimento mensal de R$ 1.885, o menor entre todas as regiões.

Os dados apontam que todas as regiões do país registraram um aumento do rendimento de todas as fontes, com a maior elevação ocorrendo no Norte, com alta de 9,9%. Em comparação com 2019, nível pré-pandemia, apenas o Norte, com alta de 12,8%, e o Centro-Oeste, com 6,7%, apresentaram crescimento.

Nas comparações entre os estados, o Distrito Federal é a Unidade da Federação com a maior média mensal real, com valor de R$ 4.966, seguida de São Paulo, com R$ 3.520, e o Rio de Janeiro com R$ 3.510. Bahia, com R$ 1.806, e Maranhão com apenas R$ 1.730 de média mensal são os estados com pior rendimento médio mensal do Brasil.

Na categoria de rendimento de todos os trabalhos, considerado para as pessoas de 14 anos ou mais de idade no mercado de trabalho, foi estimado um valor de R$ 2.979 em 2023, o que representa uma expansão de 7,2% em relação a 2022, quando o valor foi de R$ 2.780

Considerando a série histórica, o rendimento habitual de todos os trabalhos apresentou crescimento acumulado de 4,3% entre 2012 e 2019 (de R$ 2.807 para R$ 2.927). No primeiro ano da pandemia de covid-19, esse rendimento atingiu o maior valor da série (R$ 3.028).

Já o rendimento de outras fontes teve alta de 6,1% em relação ao ano anterior e alcançou R$ 1.837 em 2023.  Um dos itens que compõem a categoria são as aposentadorias e pensões, que cresceram 6,6% em 2023 e registraram média de R$ 2.408. O número, porém, é abaixo do nível pré-pandemia, de R$ 2.499 em 2019.

Em todas as regiões do Brasil, com exceção da Região Sul (R$ 2.321), a aposentadoria e pensão também representava a categoria de maior valor médio entre os rendimentos de outras fontes, variando de R$ 1.971 no Nordeste a R$ 2.935 no Centro-Oeste.

Os rendimentos provenientes de aluguel e arrendamento apresentaram valor médio de R$ 2 191 em 2023, crescimento de 19,3% se comparado ao estimado para 2022 (R$ 1.836) e de 3,5% em relação a 2019 (R$ 2.177). Em termos regionais, apenas a Região Norte (-8,6%) apresentou queda no valor médio desse rendimento entre 2022 e 2023. O Sul, por outro lado, registrou a maior expansão (28,9%), com o valor médio alcançando R$ 2.661, o maior valor dessa categoria entre as regiões e superando o rendimento médio de aposentadoria e pensão na região.

Massa de rendimento mensal atinge maior patamar da história

O relatório mostra ainda que a massa de rendimento de todos os trabalhos seguiu a recuperação iniciada em 2022, e atingiu o maior valor da série história da PNAD Contínua iniciada em 2012, com R$ 295,6 bilhões em 2023. O crescimento real foi de 11,7% em relação a 2022 e de 8,8% frente a 2019, até então o ano com maior valor da série histórica.

O expressivo aumento da massa de rendimento do trabalho em 2023, em relação ao ano anterior, foi resultante tanto do crescimento da população ocupada quanto do rendimento médio do trabalho. Entre 2022 e 2023, a população ocupada com rendimento cresceu 4,2%, passando de 95,2 milhões para 99,2 milhões de pessoas, maior valor da série.

Essas 4 milhões de pessoas ocupadas a mais, em 2023, somaram-se a uma expansão da ocupação em 7,7 milhões de pessoas em 2022, ano em que já tinham sido recuperadas as perdas ocorridas durante a pandemia.

Assim, em 2023, havia 6,4 milhões de pessoas ocupadas a mais em comparação a 2019, quando a população ocupada com rendimento era de 92,8 milhões.

Na comparação regional, o Sudeste, região mais populosa do Brasil, continuou registrando a maior massa de rendimento do trabalho em 2023, com R$ 152,9 bilhões, seguida pela Região Sul com R$ 50,4 bilhões.

Por outro lado, a menor massa foi registrada pela Região Norte, com 18,9 bilhões. Em todas as Grandes Regiões houve elevação da massa de rendimento do trabalho entre 2022 e 2023, com maior intensidade nas Regiões Norte (15,0%), Centro-Oeste (14,6%) e Sudeste (12,6%).

Quase 20% dos domicílios brasileiros receberam Bolsa Família em 2023

Os dados do IBGE mostram que 19% dos domicílios brasileiros receberam o Bolsa Família em 2023, o valor da série histórica da pesquisa, iniciado em 2019. O Norte e Nordeste continuaram com as maiores proporções de domicílios com beneficiários dos dois principais programas sociais em 2023: respectivamente, 31,7% e 35,5% recebiam rendimento do Bolsa Família.

Em 2023, o rendimento médio domiciliar per capita dos domicílios que recebiam o Bolsa Família era inferior a 30% do rendimento médio dos domicílios não beneficiados. Entre 2019 e 2023, o rendimento per capita do grupo de domicílios que recebiam o Bolsa Família cresceu 42,4%, enquanto entre aqueles que não recebiam o benefício a variação foi de 8,6%.

140 milhões de pessoas tiveram rendimentos em 2023

De acordo com o relatório, 64,9% dos brasileiros, cerca de 140 milhões de pessoas, possuíam algum tipo de renda em 2023. A região Sul apresentou o maior percentual de pessoas com rendimentos em todos os anos da série histórica iniciada em 2012, com 68,8%. Já as regiões Norte e Nordeste, tiveram 57,8% e 60,8%, respectivamente, e tiveram as menores estimativas da história.

Na comparação com 2022, todas as regiões do Brasil apresentaram aumento do percentual de pessoas com rendimento no total da população residente.

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