Economia

Remessas de imigrantes na Espanha para seus países caem 14%

Aumento do desemprego entre a população estrangeira no país repercute sobre as remessas de dinheiro enviadas aos países de origem dos imigrantes


	Barcelona, na Espanha: país tem queda de remessas enviadas por imigrantes aos seus países de origem
 (SXC.Hu)

Barcelona, na Espanha: país tem queda de remessas enviadas por imigrantes aos seus países de origem (SXC.Hu)

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Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2012 às 10h43.

Madri - O aumento do desemprego entre a população estrangeira na Espanha por causa da crise econômica repercute sobre as remessas de dinheiro que os imigrantes enviam a seus países de origem, que caíram 14% no primeiro trimestre deste ano.

Um relatório elaborado pela Remesas.org, uma rede de pesquisa criada por um grupo de economistas espanhóis centrada na análise do fluxo destes envios de dinheiro, conclui que pela segunda vez nos últimos quatro anos as remessas emitidas da Espanha sofreram uma queda.

Nos três primeiros meses de 2012 foram enviados da Espanha para outros países 1,548 bilhão de euros, frente aos 1,851 bilhão remetidos um ano antes.

Esta queda se deve principalmente à falta de trabalho entre os imigrantes, que está provocando também um aumento do retorno destes para seus países, segundo o último relatório da Remesas.org.

A crise econômica está transformando a Espanha de país de destino de imigrantes em país emissor, com um número crescente de espanhóis que decidem tentar a sorte no exterior, de acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Segundo as estimativas do INE, a Espanha recebeu no primeiro semestre de 2012 um total de 178.021 pessoas, frente às 269.515 - entre espanhóis e estrangeiros - que decidiram abandonar o país no mesmo período.

Em relação aos imigrantes, cresce o retorno principalmente dos cidadãos procedentes de Brasil, Equador e Colômbia, países onde a melhora da situação econômica cria neste momento mais oportunidades.

"Calculamos que quase a metade da população colombiana que vive na Espanha poderia voltar nos próximos meses porque a economia da Colômbia é agora uma das mais pujantes", previu à Agência Efe o vice-presidente da Associação Sociocultural e de Cooperação ao Desenvolvimento da Colômbia e da Região Ibero-Americana, Ivan Santos.


Também explicou que as remessas são menos rentáveis que há alguns anos pela perda de valor do euro. "Por um euro, te davam três mil pesos. Hoje pagam dois mil", comparou.

O balanço entre os imigrantes que saíram do país e os que entraram é negativo: 228.890 abandonaram a Espanha e entraram 178.021, por isso que entre janeiro e junho de 2012 havia 50.869 estrangeiros a menos.

Também estão em vermelho os números que medem o emprego dos cidadãos estrangeiros.

Os últimos dados da Enquete de População Ativa (EPA), publicados no dia 27 de julho, dão conta de 1.233.400 estrangeiros desempregados, o que situa sua taxa de desemprego em 35,76%.

A EPA situa o desemprego geral na Espanha em 5.693.100 pessoas, 24,63% da população ativa, que no caso dos mais jovens representa 53% do total.

O relatório sobre as remessas destaca que se encadearam três trimestres consecutivos em negativo: o primeiro de 2012 com um descenso de 14%; o quarto trimestre de 2011 com 11%, e o terceiro de 2011, com 5,5% de queda.

A organização compara estes dados com os da crise de 2008, vinculando as remessas com a evolução da economia espanhola.

Lembra que na crise anterior aconteceu o fechamento de meia dúzia de empresas de remessa, "enquanto as restantes puderam superá-la com dificuldades".

Por isso considera que "provável que esta nova crise produza mais baixas no setor".

A Espanha atravessa uma profunda crise econômica e financeira que começou em 2007 após a explosão da "bolha" imobiliária e que tem seus principais efeitos em uma grande destruição de empregos e nas dificuldades do país para conseguir financiamento nos mercados internacionais.

Muitos dos imigrantes que chegaram durante o bom momento econômico de meados da década de 1990 se veem agora afetados pela crise e pela perda de seus empregos.

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