O líder do governo no Senado e relator do projeto que reonera gradualmente a folha de pagamentos, Jaques Wagner (PT-BA), anunciou nesta terça-feira, 20, em plenário, que acolherá uma emenda para suprimir da proposta o aumento da alíquota de 15% para 20% que incide sobre os Juros sobre Capital Próprio (JCP).
O parlamentar apresentou o relatório na semana passada e o texto será votado pelos parlamentares nesta terça. Se aprovado, segue para apreciação da Câmara dos Deputados.
Segundo Wagner, a proposta de aumentar a alíquota de imposto sobre o JCP foi uma recomendação do Ministério da Fazenda. Entretanto, a medida foi duramente criticada por diversos senadores.
Além de definir as medidas para compensar a desoneração da folha, o texto cria um regime de transição gradual até a total retirada do benefício tributário de setores da economia e de alguns municípios.
Detalhes do projeto de Jaques Wagner
De acordo com o projeto apresentado, a reoneração gradual da folha de pagamentos terá duração de três anos, de 2025 a 2027.
O texto mantém a desoneração integral em 2024, estabelecendo a retomada gradual da tributação a partir de 2025, com alíquota de 5% sobre a folha de pagamentos. Em 2026, serão cobrados 10% e, em 2027, 20%.
Durante toda a transição, a folha de pagamentos do 13º salário continuará integralmente desonerada.
Entre as soluções propostas estão:
- a captura de depósitos esquecidos em contas judiciais por mais de cinco anos;
- a abertura de um novo prazo de repatriação de recursos no exterior com taxas menores;
- atualização do valor de bens (como imóveis) no IR, com desconto na cobrança;
- e um programa de descontos para empresas que tenham multas vencidas em agências reguladoras.
Entidades defendem desoneração
Entidades empresariais e sindicatos argumentam que a desoneração é importante para a geração e manutenção de emprego e renda, já que atinge setores que empregam mais de 9 milhões de pessoas. O modelo atual permite que empresas substituam a contribuição previdenciária, de 20% sobre os salários dos empregados, por uma alíquota sobre a receita bruta do empreendimento, que varia de 1% a 4,5%.
O relatório foi divulgado na quarta-feira, 14, e a votação estava inicialmente pautada para o mesmo dia, mas foi adiada. Wagner propôs oito medidas de compensação como forma de repor a perda de R$ 25 bilhões aos cofres públicos este ano com a prorrogação da desoneração a 17 setores da economia e municípios.
Wagner apresentou um substitutivo ao texto original, que atende a acordo firmado entre o Poder Executivo e o Congresso Nacional sobre lei que prorrogou a desoneração até o final de 2027. O projeto contém, ainda, uma série de medidas de compensação para a desoneração da folha.