Samuel Moreira e Marcelo Ramos: Relator e presidente da reforma na comissão especial, respectivamente (Adriano Machado/Reuters)
Ligia Tuon
Publicado em 2 de julho de 2019 às 18h07.
Última atualização em 2 de julho de 2019 às 18h56.
São Paulo - O relator da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara, Samuel Moreira, decidiu manter os estados e municípios fora do texto. Seu novo parecer é lido na noite desta terça-feira, 02.
"A nova versão esclarece com a devida contundência (...), a ausência de efeitos imediatos da PEC sobre Estados, Distrito Federal e Municípios", diz Moreira em seu voto complementar.
“Fica clara a preservação integral da legislação atualmente em vigor no âmbito de cada ente subnacional enquanto não houver das Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores no sentido de alterar as regras do respectivo regime próprio de previdência social.”
O complemento de voto de Moreira, de seis páginas, também retira “referência indevida às bolsas de valores” no trecho que trata de alíquotas da contribuição social sobre lucro líquido e também coloca no texto da Constituição os critérios de acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC).
A leitura do complemento de voto, inicialmente previsto para a semana passada, foi adiada enquanto se buscava junto a governadores a inclusão de servidores estaduais e municipais na reforma.
O novo texto sobre a reforma também retoma a transferência de 28% da arrecadação do PIS/Pasep ao BNDES.
"No que diz respeito aos recursos do PIS/PASEP, recuperamos o texto original da PEC para prever a transferência de 28% de sua arrecadação ao BNDES. Acrescentamos dispositivo para garantir que os programas de desenvolvimento financiados por tais verbas sejam devidamente divulgados ao público", diz o texto.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta terça-feira que persiste a busca por um acordo que inclua os servidores de Estados e municípios no texto da reforma da Previdência.
Apesar do complemento de voto do relator deixar Estados e municípios de fora do texto, Maia disse que, havendo acordo, há possibilidade de Moreira alterar seu voto na quarta-feira, antes do início da votação do parecer na comissão especial.
Maia também disse a jornalistas que o complemento de voto de Moreira deve implicar em uma economia da ordem de 940 bilhões de reais com a reforma, valor próximo aos cerca de 1 trilhão de reais desejados pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes.
O presidente da Câmara também disse que vale a pena buscar um acordo intermediário para alterar as regras de aposentadoria para policiais, desde que o acerto não tenha impacto significativo na economia a ser gerada pela reforma.