Economia

Relação econômica entre EUA e Cuba terá controles rígidos

Avanço nas relações permitirá maior fluxo de capital à ilha, mas relações comerciais e investimentos serão mantidos sob rígidos controles, dizem especialistas


	O presidente de Cuba, Raul Castro: acordo anunciado pela Casa Branca impulsionará o fluxo de dólares a Cuba
 (Enrique De La Osa/Reuters)

O presidente de Cuba, Raul Castro: acordo anunciado pela Casa Branca impulsionará o fluxo de dólares a Cuba (Enrique De La Osa/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 22h58.

Washington - O avanço histórico nas conflituosas relações entre Estados Unidos e Cuba anunciado nesta quarta-feira permitirá um maior fluxo de capital à ilha caribenha, mas as relações comerciais e os investimentos serão mantidos sob rígidos controles, avaliam analistas.

Gary Hufbauer, do Instituto Peterson de Economia Internacional em Washington, declarou à AFP que "esse é apenas o começo de um longo caminho para a normalização".

"As empresas americanas ainda estão bloqueadas, não só pelas sanções dos Estados Unidos, como também pelo pesado controle do Estado em Cuba", avaliou.

Apesar do embargo comercial a Cuba, que já dura há mais de 50 anos, a Casa Branca disse que ampliará a quantidade de dinheiro que os cidadãos americanos podem enviar ao país comunista e aumentará o fluxo de turistas americanos para a ilha.

No entanto, o investimento e o comércio permanecerão sob rígido controle das leis aprovadas pelo Congresso americano e das próprias restrições do regime cubano, dificultando a entrada de indústrias americanas - das companhias petroleiras às fabricantes de automóveis.

O acordo anunciado pela Casa Branca impulsionará o fluxo de dólares a Cuba. Se quadruplica agora o montante das remessas permitidas até 2.000 dólares por pessoa no trimestre, e se autoriza as visitas de cidadãos americanos ao país. Além disso, os americanos poderão exportar materiais de construção e equipamentos agrícolas a Cuba para apoiar o nascente setor privado.

"Esta mudança fará que seja mais fácil para os cidadãos cubanos ter acesso a determinados produtos por um preço mais barato e a melhorar o seu nível de vida, obtendo maior independência econômica do Estado", disse a Casa Branca.

O acordo também permite aos bancos dos Estados Unidos estabelecer contas com instituições financeiras cubanas para facilitar as transferências e o uso de cartões de crédito e débito dos Estados Unidos, o que facilitará mais visitas ao país e o maior fluxo de dólares.

A Casa Branca também afirmou que a indústria norte-americana de telecomunicações poderá construir infraestruturas para serviços telefônicos e de internet em Cuba, melhorando as comunicações entre ambas as nações.

Mas além disso, as perspectivas não são exatamente otimistas para os negócios, já que o embargo de cinco décadas está oficialmente mantido.

"O presidente Obama fez praticamente tudo o que podia sem uma lei do Congresso anunciando mudanças radicais nas sanções dos Estados Unidos contra Cuba", disse Lawrence Ward, um advogado do escritório comércio internacional Dorsey & Whitney.

Hufbauer destaca os desafios a serem enfrentados para a concretização dos negócios bilaterais.

"Ambos, comércio e investimentos, dependem da liberalização recíproca", afirmou. Para ele, Cuba deve "oferecer compensações pelas expropriações passadas" realizadas após a chegada de Fidel Castro ao poder, em 1959.

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