Reino Unido: governo adotou medidas para evitar demissão em massa durante a crise do coronavírus (Bryn Colton/Getty Images)
AFP
Publicado em 16 de junho de 2020 às 09h32.
Última atualização em 16 de junho de 2020 às 09h33.
Mais de 600.000 pessoas perderam seus empregos no Reino Unido entre março e maio, devido ao confinamento pela pandemia de coronavírus - apontam dados divulgados nesta terça-feira (16) pelo Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS).
Uma primeira estimativa situa em 163.000 o número de empregos perdidos em maio, além dos 449.000 destruídos em abril, informou o ONS.
O Reino Unido impôs o confinamento em 23 de março e começou a flexibilizá-lo, gradualmente, em 1º de junho.
Para preservar o emprego durante a pandemia, o governo britânico criou um dispositivo, pelo qual ele cobre 80% dos salários, limitados a um máximo de 2.500 libras por mês, dos trabalhadores que não forem demitidos.
Esse mecanismo começará a ser reduzido progressivamente a partir de agosto, até ser concluído em outubro.
Graças a ele, a taxa de desemprego, que não inclui os trabalhadores em desemprego parcial, manteve-se inalterada em 3,9% em abril, seu nível mais baixo em 45 anos.
"Mas o número de desemprego não reflete a extensão da desaceleração econômica", alerta o "think tank" Capital Economics.
O número de pessoas em desemprego parcial, aquelas que tecnicamente não perderam o emprego, aumentou mais de 6 milhões de pessoas entre março e abril, completou o ONS.
Segundo dados divulgados em separado nesta terça pelo Tesouro Britânico, este dispositivo abriga hoje 9,1 milhões de funcionários.
"A desaceleração econômica agora está afetando visivelmente o mercado de trabalho, em particular em termos de horas trabalhadas", disse o ONS, destacando que o número de empregos disponíveis pode continuar diminuindo.
Devido ao confinamento imposto para conter a propagação da COVID-19, a economia britânica se contraiu 20,4% em abril, em relação ao mês anterior, a maior contração desde que existem registros.
Fiona Cincotta, analista da Gain Capital, alerta para o "golpe brutal que cairá sobre o mercado de trabalho quando o mecanismo" de preservação do emprego for interrompido em outubro.