Reino Unido: o Fundo adverte que há uma série de riscos para essa projeção (Tolga Akmen/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de dezembro de 2017 às 10h08.
São Paulo - O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta quarta-feira relatório sobre a economia do Reino Unido, no qual prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresça 1,6% neste ano e "cerca de 1,5%" em 2018. Ao mesmo tempo, o Fundo adverte que há uma série de riscos para essa projeção. "Os acontecimentos com a negociação do Brexit são uma incerteza crucial", diz o FMI, referindo-se ao processo de saída do país da União Europeia.
Em seu relatório que avalia a economia do Reino Unido, o FMI diz que, apesar da forte recuperação no crescimento global e de políticas macroeconômicas que apoiam o quadro, o impacto da decisão de deixar a UE tem pesado sobre a demanda doméstica privada. A forte desvalorização da libra após o plebiscito gerou mais inflação ao consumidor, o que pressiona a renda real e o consumo. O enfraquecimento da demanda doméstica, porém, foi em parte compensado por uma alta nas exportações de bens, diante da moeda mais fraca e do crescimento forte em parceiros comerciais. A inflação deve desacelerar, mas seguirá acima da meta, diz a instituição, o que deve pressionar mais o salário real e o consumo.
O FMI informa que suas projeções dependem de um progresso continuado das negociações do Brexit, que culmine em entendimentos sobre um acordo de livre comércio abrangente e em um processo de transição. Mas ressalta que há uma série de riscos para esse cenário, notadamente as negociações com a UE.
Caso não ocorram avanços no diálogo e a saída do país do bloco seja "desordenada", isso levaria a uma forte queda nos preços dos ativos. O FMI ainda alerta que o potencial impacto desses riscos é amplificado pela necessidade do país de financiar seu grande déficit em conta corrente, o que o torna vulnerável a mudanças nas expectativas do investidor.
O Brexit tem o potencial para remodelar a economia do Reino Unido, diz o FMI. O impacto dependerá, claro, do acordo final, que pode ainda levar anos para ser concluído, lembra o Fundo. O setor financeiro, que representa 7% do PIB, pode ser "particularmente afetado" sem um acordo específico para ele.
Os avanços recentes nas negociações entre Londres e Bruxelas são uma notícia bem-vinda, avalia o FMI, mas a lista de tarefas pela frente é longa. O Fundo diz que um acordo antecipado sobre o período de transição pode evitar uma saída desordenada em 2019 e reduzir incertezas para pessoas físicas e jurídicas.