Economia

Reforma tributária: entenda as regras de split payment, cashback e o que muda para as empresas

Split payment permitirá segregação automática dos tributos e cashback devolverá parte dos valores pagos de IBS e CBS às famílias de baixa renda inscritas no Cadastro Único

Congresso Nacional: regulação da reforma tributária será votada na quarta-feira, 11, na CCJ e deve ir ao plenário do Senado no mesmo dia (Leandro Fonseca/Exame)

Congresso Nacional: regulação da reforma tributária será votada na quarta-feira, 11, na CCJ e deve ir ao plenário do Senado no mesmo dia (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 9 de dezembro de 2024 às 11h21.

Última atualização em 9 de dezembro de 2024 às 11h29.

Tudo sobreReforma tributária
Saiba mais

O relator da reforma tributária, senador Eduardo Braga (MDB-AM), divulgou nesta segunda-feira, 9, o parecer sobre o projeto de lei nº 68 de 2024. O texto será lido em reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado marcada para às 16h desta segunda e a votação ocorrerá no colegiado na quarta-feira, 11.

Pela proposta, o IPI, PIS e Cofins serão substituídos pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que será administrado pelo governo federal. E os tributos ICMS – estadual – e ISS – municipal – pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) –, a ser gerido pelo Comitê Gestor.

Leia a íntegra do relatório da reforma tributária

Split Payment

O relatório de Braga prevê a criação do mecanismo de split payment, que permite a segregação automática dos tributos devidos (IBS e CBS) durante as transações de compra e venda de bens e serviços. Isso significa que, no momento do pagamento, parte do valor destinado aos tributos é direcionada diretamente ao Comitê Gestor do IBS e à Receita Federal.

Para regulamentar a ferramenta, o relator propõe duas modalidades: modelo padrão (inteligente) e simplificado. No primeiro, foi detalhado um sistema tecnológico para vincular documentos fiscais às operações e calcular tributos de forma automatizada.

Já o simplificado, será disponibilizado para operações em que o adquirente não é contribuinte regular do IBS e da CBS. Os tributos serão calculados com base em um percentual preestabelecido do valor da transação, independentemente das alíquotas efetivamente aplicáveis.

O texto estabelece que o split payment será aplicado a todos os principais instrumentos de pagamento utilizados no varejo, incluindo cartões de crédito, débito, transferências eletrônicas e pagamentos digitais.

E inclui também instituições operadoras de sistemas de pagamento. Com a implementação desse modelo, a expectativa é reduzir a sonegação fiscal, evitar fraudes e garantir maior eficiência na arrecadação.

Cashback

Outro mecanismo previsto é o cashback definido para mitigar a regressividade do sistema tributário sobre o consumo. O objetivo é devolver parte dos valores pagos de IBS e CBS às famílias de baixa renda inscritas no Cadastro Único (CadÚnico).

O texto final manteve o benefício para famílias com renda mensal per capita de até meio salário mínimo e os percentuais de 100% de devolução do CBS e 20% do IBS sobre o gás de cozinha (com até 13 quilos), energia elétrica, água, esgoto e gás natural.

Braga também acatou a inclusão dos serviços de telecomunicações, mas descartou a ampliação do cashback para famílias com rendimento de até um salário-mínimo. Segundo o relator, o impacto orçamentário da medida não foi devidamente mensurado e a expansão implicaria em qualificar mais da metade das famílias para o cashback.

O documento final também destaca que a proibição do cashback nas aquisições de armas e munições, apedida por parte dos senadores, não terá efeito prático, uma vez que essa operação exige a observância de complexa burocracia e são itens de alto valor no mercado legal.

Acompanhe tudo sobre:Especial Reforma TributáriaReforma tributária

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor