Real: para Nakano, a oposição nas ruas requer plena expansão de direitos, o que acaba pressionando o governo a ser muito grande e pouco produtivo (Bruno Domingos/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2016 às 17h01.
São Paulo - O diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Yoshiaki Nakano, afirmou que o Brasil "está num beco com só uma saída, que é a reforma fiscal".
E acrescentou: "A evolução do gasto púbico é muito forte. E a despesa do governo precisa ser contida. A dívida pública está perto de 70% do PIB e, com os juros muito altos, se nada for feito, a tendência é desse número subir para o patamar de 80% nos próximos anos, o que é insustentável."
Na avaliação de Nakano, a reforma fiscal permitirá o governo a mudar o "modelo de dependência associada" do ingresso de capitais de curto prazo, que o Brasil adotou a partir da década de 1990, com o estímulo de juros altos, para ajudar no processo de estabilização da inflação, sobretudo a partir do Plano Real em 1994.
Yoshiaki Nakano também apontou que o Brasil sofre de uma crise política grave. "Para fazer reforma precisa de liderança política forte, isso eu não vejo, nem liderança com projeto para o Brasil", destacou.
Para Nakano, a oposição nas ruas requer plena expansão de direitos, o que acaba pressionando o governo a ser muito grande e pouco produtivo.
"O problema brasileiro é que o Estado intervém mal, de forma excessiva, que se torna ineficiente", disse. "As massas tem uma visão equivocada do século passado. Então, é preciso acontecer alguma coisa a mais para haver a mudança."
O acadêmico fez os comentários em palestra no décimo terceiro Fórum de Economia realizado pela EESP-FGV.