Economia

Redução do superávit primário já era esperada, diz BC

Pelos cálculos do BC, o superávit primário do setor público consolidado chegou a R$ 65,659 bilhões no primeiro semestre

Notas de R$ 50 e R$ 100: em junho, os governos regionais registraram déficit primário de R$ 333 milhões, o pior resultado para o período desde 1996 (SXC.hu)

Notas de R$ 50 e R$ 100: em junho, os governos regionais registraram déficit primário de R$ 333 milhões, o pior resultado para o período desde 1996 (SXC.hu)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de julho de 2012 às 15h42.

Brasília – A redução do superávit primário – receitas menos despesas excluídos gastos com juros da dívida pública –, registrada no primeiro semestre e também em junho, já era esperada, avaliou hoje ((31) o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel.

Pelos cálculos do BC, o superávit primário do setor público consolidado – governos federal, estaduais e municipais e empresas estatais – chegou a R$ 65,659 bilhões no primeiro semestre, resultado 16% menor do que o dos seis primeiros meses de 2011. Em junho, o esforço fiscal foi 79% menor que o de junho do ano passado. No mês passado, o esforço fiscal para o pagamento dos juros da dívida chegou a R$ 2,794 bilhões e em junho de 2011 foi R$ 13,37 bilhões.

Segundo Maciel, um dos fatores que explicam o resultado é que, no primeiro semestre do ano passado, o governo recebeu o pagamento de dívidas de empresas renegociadas com a União, o chamado Refis da Crise. Nesse caso, houve recuo de R$ 4,7 bilhões nessas receitas, nos seis meses deste ano em relação ao mesmo período de 2011.

Também houve redução de R$ 2,3 bilhões em receitas com dividendos de empresas estatais, este ano, em relação a 2011. Houve, ainda, despesa adicional de R$ 7,6 bilhões com investimentos, incluídos recursos destinado ao programa Minha Casa, Minha Vida. “Esses montantes explicam o declínio do superávit primário ao longo do primeiro semestre, em uma trajetória que já se esperava que fosse diferente do ano passado”, disse Maciel.

De acordo com o chefe do Departamento Econômico, no primeiro semestre deste ano, 47% da meta de superávit primário para 2012 está cumprida, o que equivale a R$ 139,8 bilhões. No mesmo período do ano passado, esse percentual estava em 61%. Mesmo assim, Maciel avalia que o cenário para o cumprimento da meta não é preocupante. De acordo com ele, a expectativa é de maior crescimento da economia a partir do segundo semestre, o que deve elevar as receitas dos governos federal e regionais (estados e municípios) com impostos.


Em junho, os governos regionais registraram déficit primário de R$ 333 milhões, o pior resultado para o período desde 1996. “Governos regionais têm receita mais sensível à atividade econômica”, disse Maciel. Segundo ele, o crescimento da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) já esteve em cerca de 12% na comparação de 2011 com 2010. E, de janeiro a maio deste ano, está em 6%, em relação ao mesmo período do ano passado.

Maciel citou outros fatores que influenciaram o resultado primário dos governos, dentre eles o salário mínimo, que impacta a folha de pagamento de estados e municípios, os menores gastos dos governos no ano passado e as transferências da União para estados e municípios, que diminuíram.

As contas dos governos regionais também foram influenciadas pelo aumento do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), que, em maio do ano passado, ficou em 0,01% e, no mesmo mês deste ano, chegou a 0,91%. Essa elevação no índice de inflação, principal indexador da dívida dos governos regionais, fez aumentar as despesas com juros. Em junho deste ano, as despesas com juros dos estados e municípios ficaram em R$ 6,735 bilhões, ante R$ 2,4 bilhões de igual período do ano passado.

Já a despesa com juros do setor público consolidado caiu 15% em junho deste ano (R$ 16,119 bilhões) em relação ao ano passado. No primeiro semestre deste ano (R$ 111,027 bilhões), em relação a igual período de 2011, o recuo é 7%. Segundo Maciel, a queda se explica pela redução de índices de inflação e da taxa básica de juros, a Selic, que corrigem parte da dívida.

O déficit nominal, formado pelo resultado primário e as despesas com juros, ficou em R$ 13,325 bilhões, no mês passado, ante R$ 5,618 bilhões registrados em junho de 2011. Nos seis meses deste ano, esse resultado ficou em R$ 45,368 bilhões, contra R$ 41,558 bilhões do primeiro semestre de 2011.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralGovernoMercado financeiroOrçamento federal

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto