Serra defende juros baixos e diz que BC não é "intocável" (Arquivo/Exame/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 31 de agosto de 2011 às 21h53.
Brasília - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) comemorou a redução da taxa Selic, anunciada hoje pelo Banco Central. Segundo nota divulgada pela entidade, a redução é vista como um passo importante dado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) "para enfrentar as dificuldades que a economia brasileira começa a sentir com a nova fase da crise mundial".
Para a CNI, "o BC priorizou a sustentação da atividade econômica num momento de menor ímpeto da inflação". "Na visão da CNI, a redução de 0,50 ponto porcentual indica que o Banco Central iniciou um novo ciclo de flexibilização monetária, cuja magnitude irá depender dos desdobramentos da crise e de suas implicações na economia do país", diz o comunicado divulgado pela entidade.
A CNI destaca ainda que essa mudança na política monetária acontece ao mesmo tempo em que há disposição de uso mais intenso da política fiscal. "A recente elevação da meta de superávit primário indica, na ótica da CNI, que o excesso temporário de arrecadação sobre o previsto não será aplicado na elevação dos gastos públicos. Considera essa disposição uma mudança importante na política fiscal, que, na eclosão da crise, foi expansionista", continua a nota.
Essa nova postura no equilíbrio da utilização das políticas monetária e fiscal é uma necessidade, segundo a CNI, "pois torna possíveis reduzir os juros e manter a estabilidade econômica". Para a entidade, "esse novo mix de política é absolutamente necessário, mas exige maior esforço no controle dos gastos".
ACSP - Para o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato, o Copom mostrou estar atento ao movimento de desaceleração da indústria nacional ao reduzir a taxa básica de juros. A entidade ressaltou ainda que espera que a autoridade monetária utilize também outros instrumentos para evitar um aprofundamento da desaceleração do ritmo de vários setores da economia nacional.
"A decisão do Copom mostra que o Banco Central está atento não apenas aos possíveis impactos negativos da crise internacional sobre a economia brasileira, como, também, em relação aos sinais de desaceleração muito rápida da produção industrial", afirmou. "Nós esperamos que o Banco Central utilize também outros instrumentos para evitar que a desaceleração observada nos vários setores se aprofunde", acrescentou.
Força sindical - Já para o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, o corte na Selic foi "extremamente tímido" e "insuficiente". Na avaliação dele, a autoridade monetária acertou no "remédio", mas errou na "dose". "Com a medida, o governo federal aplica um antídoto contra o crescimento econômico", considerou, por meio de nota. "Infelizmente, está prevalecendo uma maléfica simpatia da equipe econômica pelo mercado especulativo", acrescentou.
O presidente afirmou também que a entidade entende que há espaço para uma redução "mais drástica" da taxa básica de juros, principalmente em face do ajuste fiscal anunciado nesta semana pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Vale sublinhar que o atual governo federal já subiu, em apenas seis meses, cinco vezes a taxa básica de juros, criando um cenário extremamente adverso à produção e à geração de emprego e renda", criticou. Ele garantiu ainda que a Força Sindical continuará a realizar protestos, uma vez que, segundo ela, diante das incertezas econômicas mundiais, o Banco Central continua atuando na contramão da produção.
"Mais uma vez o Banco Central, mostrando-se surdo aos apelos da classe trabalhadora, frustra os nossos anseios por uma sociedade mais justa e igualitária", conclui.