Economia

Recorde de renováveis ainda não dá conta do desafio climático

Apesar do crescimento, a transição energética não está acontecendo rápido o suficiente para atingir as metas do Acordo de Paris

Poluição saindo de uma fábrica ao fundo de uma turbina eólica. (Christopher Furlong/Getty Images)

Poluição saindo de uma fábrica ao fundo de uma turbina eólica. (Christopher Furlong/Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 12 de junho de 2017 às 17h57.

São Paulo - As fontes renováveis estão mudando o tabuleiro energético mundial. O ano de 2016 foi recorde: a capacidade de geração a partir das energias renováveis registrou o maior aumento da história, com 161 gigawatts (GW) instalados, um aumento de 9% em relação a 2015, levando a capacidade global total para aproximadamente 2.017 GW.

A energia solar fotovoltaica contribuiu com cerca de 47% da capacidade adicional no ano passado, seguida pela energia eólica com 34% e pela energia hidroelétrica com 15,5%.

Os dados são da edição 2017 do estudo REN21 Renewable Energy Global Status Report, relatório de referência para o setor lançado neste mês, que fornece o panorama anual mais abrangente da situação desse mercado no mundo.

Segundo o estudo, as emissões globais de CO2 relacionadas com o setor energético provenientes dos combustíveis fósseis e da indústria permaneceram estáveis pelo terceiro ano consecutivo, apesar do crescimento de 3% na economia mundial e da procura crescente por energia.

Os analistas atribuem esse processo principalmente ao declínio do carvão, mas também ao crescimento da capacidade de energia renovável e das melhorias na eficiência energética.

Ritmo insuficiente

Apesar da tendência positiva, a transição energética não está acontecendo rápido o suficiente para atingir as metas do Acordo de Paris e,  com a saída dos Estados Unidos do pacto, as perspectivas para o setor preocupam.

No ano passado, os investimentos em novas instalações de energia renovável caíram 23% face a 2015. A maior baixa foi sentida nos mercados em desenvolvimento e emergentes, onde o investimento em energia renovável caiu 30%, para 116 bilhões de dólares.

Nos países desenvolvidos, o investimento em novas instalações caiu 14% para 125 bilhões de dólares. O investimento continua a ser fortemente focado nas energias eólica e solar fotovoltaica, no entanto, o estudo defende que todas as tecnologias de energia renovável precisam ser utilizadas para manter o aquecimento global abaixo dos 2ºC até o fim do século.

Segundo o relatório, é preciso maior compromisso dos setores de transportes, aquecimento e refrigeração, que ainda dependem, em muito, de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo.

Um entrave são os subsídios às fontes poluentes, que continuam a superar dramaticamente os das tecnologias renováveis, ao lado dos subsídios à energia nuclear.

No final de 2016, mais de 50 países comprometeram-se a eliminar gradualmente os subsídios aos combustíveis fósseis, e algumas reformas ocorreram, mas não o suficiente para dar conta do desafio climático.

Acompanhe tudo sobre:Emissões de CO2Energia elétricaEnergia renovávelMeio ambiente

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto