Economia

Reativar governo dos EUA pode ser mais difícil que paralisar

Legislação devolverá centenas de milhares de funcionários públicos, mas governo poderia demorar semanas até voltar a emitir empréstimos

Visitantes são conduzidos a um tour oficial no Capitólio dos Estados Unidos, após o fim da paralisação que durou 16 dias, em Washington (Jonathan Ernst/Reuters)

Visitantes são conduzidos a um tour oficial no Capitólio dos Estados Unidos, após o fim da paralisação que durou 16 dias, em Washington (Jonathan Ernst/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2013 às 17h13.

Washington - Os que pensavam que paralisar o governo americano era difícil devem esperar até que as agências abram de novo.

A legislação aprovada ontem à noite pelo Congresso para elevar o limite de endividamento e financiar o governo até 2014 devolverá centenas de milhares de funcionários públicos a seus empregos e reabrirá parques nacionais e museus. Mas o governo poderia demorar semanas ou até meses até voltar a emitir empréstimos, pagamentos e contratos a um ritmo normal.

“Tudo foi muito perturbador”, afirmou Larry Allen, presidente da Allen Federal Business Partners, consultoria de contratos em McLean, Virginia, em uma entrevista. “A onda de choque durará meses”.

A paralisação parcial das operações do governo foi mais curta do que as de 1995 e 1996, que duraram 26 dias no total. A interrupção deste ano foi muito mais abrangente, disse Barry Anderson, quem foi diretor auxiliar da Secretaria de Gestão e Orçamento da Casa Branca (OMB) durante o impasse fiscal de 1996.

O Congresso tinha completado sete das suas treze leis de apropriação anuais para financiar as agências na anterior paralisação – deixando grande parte do governo ainda em funcionamento. Dessa vez, não houve aprovação final no Congresso para nenhuma agência.

“As coisas são muito diferentes agora”, disse Anderson.

Instruiu-se às agências federais para que comecem a abrir seus escritórios hoje “de forma rápida e ordenada”, segundo um memorando da diretora da OMB, Sylvia Burwell, que habilitou os funcionários licenciados a voltarem ao trabalho.

O custo de reativar o governo é difícil de calcular. Um estudo feito pela OMB após a paralisação fiscal de 1996 fixou o custo da inércia em US$ 1,4 bilhão, aproximadamente US$ 2 bilhões em valores atuais. Essa cifra não incluiu os custos extras na volta para o trabalho, embora esses gastos fossem considerados “significativos” por John Koskinen, vice-diretor de gestão na OMB durante a paralisação anterior, em uma audiência do Subcomitê de Serviço Civil da Câmera dos Deputados em dezembro de 1996.


Custos sem calcular

“Muitos são custos adicionais que não podem ser determinados agora, incluindo o pagamento de juros a terceiros” quando o governo não paga suas contas a tempo, declarou Koskinen. “Também haverá custos adicionais de pessoal, necessários para lidar com o trabalho acumulado durante a paralisação”.

Esses gastos poderiam ascender a bilhões de dólares, afirmou Charles Tiefer, professor de Direito na Universidade de Baltimore que estudou as paralisações.

Embora ele não conheça estudos que tenham calculado o custo para reativar o governo, Tiefer afirmou que entre os itens mais importantes está a incapacidade das agências para auditar cuidadosamente a grande quantidade de pagamentos atrasados, incluindo aqueles da Receita Fiscal e do plano de saúde Medicare. Outros problemas surgem da dificuldade de reguladores de saúde e segurança, como a Agência de Proteção Ambiental, se continuarem com as pesquisas interrompidas, acrescentou Tiefer.

Dependência da tecnologia

A dependência das agências americanas de tecnologia da informação também cria armadilhas enquanto os trabalhadores voltam aos seus postos.

As agências que continuaram compilando grandes quantidades de dados medidos em tera ou petabytes deveriam reiniciar seus sistemas para garantir que as redes estejam operando apropriadamente depois de um período de monitoramento relaxado, afirmou Carmelo McCutcheon, “evangelista-chefe” da Hitachi Data Systems Federal Corp., uma companhia contratada de armazenamento privado em nuvem, em Reston, Virgínia.

As demoras serão grandes. É só perguntar a Chris Niedermayer, que viveu a última paralisação como contratado pelo governo. O executivo sênior de conhecimento na Battle Resource Management Inc., consultoria em Washington, viu como um ano lucrativo se converteu em deficitário. Os bônus ao pessoal acabaram e a companhia perdeu alguns funcionários que mudaram de emprego.

“Como contratado, a pessoa nunca se recupera totalmente em termos financeiros”, disse Niedermayer, cuja companhia trabalha para os departamentos do Tesouro, do Interior e de Segurança Interna e para algumas agências. “É devastador”.

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