Beber cerveja (Christopher Furlong/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de março de 2012 às 09h14.
São Paulo – O consumo de cerveja nos estádios durante a Copa do Mundo foi motivo de intenso debate no Brasil. Por enquanto, está liberado, porém só durante o evento. Mas há países em que a prática é perfeitamente legal – ou, pelo menos, parcialmente tolerada – durante os campeonatos regulares.
Para quem gosta de ver jogos no estádio na companhia de um copo, a Alemanha é um dos melhores países do mundo para se viver. Em terras germânicas, a venda de bebidas nos estádios é liberada em todos os jogos do campeonato nacional.
Apesar de ter criado, no fim do ano passado, uma comissão para combater a violência em jogos de futebol, o governo alemão avalia que proibir o consumo de álcool nos estádios teria pouca eficácia para evitar brigas e tumultos.
Na Inglaterra, país que conseguiu controlar a forte onda de vandalismo entre torcidas nos anos 1990, mas que ainda lida com casos de violência, a venda de álcool nos locais dos jogos é, em tese, proibida.
Mas por meio de licenças especiais concedidas aos estádios, os torcedores conseguem beber em alguns períodos específicos da partida e em áreas do estádio que possuem visão restrita do campo.
Outros países, como Itália e Argentina, optaram por proibir totalmente a venda de bebidas alcoólicas nos locais onde são realizados os jogos, na tentativa de conter os crescentes casos de violência.
No Brasil, o álcool foi banido dos estádios em 2003, com a criação do Estatuto do Torcedor. Alguns estados e cidades também possuem leis específicas contra o consumo do produto. A premissa, em todos os casos, é a mesma: o álcool potencializa a violência entre torcedores.
Mas para Rubens Adorno, professor associado da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, não é possível fazer essa relação direta. “O comportamento de determinadas torcidas é violento por si só e isso independe de se consumir ou não álcool”, afirma.
E na Copa do Mundo, pode?
O tema voltou à tona no Brasil com a pressão da Fifa para a liberação da venda de bebidas durante os jogos da Copa do Mundo de 2014 – uma das principais patrocinadoras do evento é a cervejaria Budweiser, do grupo belga-brasileiro InBev.
O impasse continua, apesar da aprovação da Lei Geral da Copa esta semana na Câmara dos Deputados. Isso porque, embora o artigo que permitia a venda de bebidas durante os jogos tenha sido retirado do documento, ficou decidido que o Estatuto do Torcedor – aquele que proíbe a venda – ficará suspenso durante a Copa.
Os países que sediarão o Mundial depois do Brasil – Rússia em 2018 e Catar em 2022 – também proíbem o consumo de bebidas em estádios.
Na Rússia, país que também sofre com a violência entre torcidas, a venda e mesmo o anúncio de bebidas alcoólicas estão suspensos desde 2005. Mas o primeiro-ministro Vladimir Putin afirmou no começo do ano que está disposto a reconsiderar a lei em preparação para a Copa do Mundo.
O Catar, país de tradição islâmica onde a venda de álcool é restrita, ainda não se posicionou sobre uma possível mudança na lei. Mas o presidente da Premier League inglesa, Dave Richards, foi à público há algumas semanas para dizer que os torcedores poderão boicotar a Copa de 2022 caso a cerveja não seja liberada.