In Natura: "não imaginávamos que fosse contribuir para queda maior do grupo Alimentação" (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 11 de julho de 2014 às 16h07.
São Paulo - Os alimentos in natura continuam aliviando a inflação dos paulistanos e surpreendendo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
A despeito da desaceleração no ritmo de queda dos produtos in natura, de 6,39% para 5,41% entre o fechamento de junho e a primeira leitura de julho, a magnitude da deflação chamou a atenção do coordenador do Índice de Preços ao Consumidor, o economista André Chagas.
Os sinais, diz Chagas, são de novas quedas nas próximas pesquisas do indicador que mede a inflação na capital paulista, ainda que em intensidade menor.
"Não imaginávamos que fosse contribuir para uma queda maior do grupo Alimentação. Pelas pesquisas, há chance de novos recuos dos produtos in natura, mas pode ser que não seja tão forte assim", avaliou.
A classe de despesa de alimentos apresentou deflação de 0,30% na primeira quadrissemana de julho (últimos 30 dias terminados na segunda-feira), enquanto a Fipe previa declínio de 0,20%.
Segundo a Fipe, todos os subgrupos de Alimentação recuaram: Frutas (-3,10%), Legumes (-7,55%), Verduras (- 7,02%), Tubérculos (-9,41%) e Ovos (-1,18%). "Os alimentos in natura estão caindo desde a terceira quadrissemana de junho", relembrou.
Na opinião de Chagas, tudo indica que os itens in natura vão continuar cedendo nas próximas quadrissemanas, dado que a alta acumulada até junho deste ano ainda é de 8,73%.
Ele lembra que julho é um mês em que os preços desses alimentos costumam ficar baixos.
"Mas tem um efeito de aumento forte que aconteceu de dezembro a março. Parece que está devolvendo essa alta e tem ainda a sazonalidade. Em fevereiro atingiu a maior marca dos últimos anos", avaliou.
O economista da Fipe disse também que o abrandamento dos preços no atacado segue surtindo efeito ainda sobre os alimentos semielaborados e industrializados na cidade de São Paulo. Na primeira quadrissemana de julho, os semielaborados tiveram deflação de 0,09%, puxada especialmente pelo recuo de 0,60% das carnes bovinas. Embora os industrializados tenham avançado, a 1,03%, a alta foi menor ante o fechamento de junho, que foi de 1,18%, conforme a Fipe.
"Os preços das demais carnes também estão bastante contidos. Não imaginávamos que as carnes tivessem um comportamento diferente, embora não contasse com alta exorbitante", disse.
Já alimentação fora do domicílio subiu 0,30% na primeira quadrissemana, depois de 0,51% na anterior.
Saúde
Ao contrário da contribuição negativa do grupo Alimentação para o IPC-Fipe da primeira pesquisa de julho, o conjunto de preços de Saúde pressionou o índice para cima.
Segundo o economista André Chagas, a alta de 0,45% de Saúde na primeira medição, depois de 0,27% no fechamento em junho, foi impulsionada pelo avanço de 0,77% em contratos de assistência médica, devido ao reajuste promovido recentemente pela Agência Nacional de Saúde (ANS), de 9,65%. "A maior parte da alta está associada com este reajuste", afirmou.
"Já o grupo Vestuário ajudou e o viés é de baixa para as próximas leituras, devido à expectativa de promoções", ponderou. A classe de despesa de roupas e acessórios registrou inflação de 0,31% ante 0,63% no fechamento de junho.
"Parece que o frio não deve ser tão intenso quanto o esperado", completou.