Economia

Queda da inflação divide opiniões sobre evolução da taxa Selic

Brasília - A maioria dos analistas financeiros acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manterá o processo de evolução da taxa básica de juros (Selic), com reajuste de 0,75 ponto percentual, na próxima quarta-feira (21), como ocorreu nas duas últimas reuniões do Copom. Mas as opiniões já começam a divergir e […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Brasília - A maioria dos analistas financeiros acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manterá o processo de evolução da taxa básica de juros (Selic), com reajuste de 0,75 ponto percentual, na próxima quarta-feira (21), como ocorreu nas duas últimas reuniões do Copom. Mas as opiniões já começam a divergir e há até quem defenda a permanência da taxa Selic no patamar atual, de 10,25% ao ano, uma vez que a inflação arrefeceu nos dois últimos meses.

É o caso do professor de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV) Fabio Gallo Garcia. Ao analisar o boletim Focus, divulgado hoje (19) pelo BC, em que a projeção de inflação para este ano caiu de 5,61% para 5,42% nos últimos 30 dias, ele disse que “a baixa reflete a percepção do mercado de que o aumento de preços durante o primeiro semestre perdeu força”. Tanto que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi zero no mês de junho e neste mês também dá sinais de estabilidade.

Garcia acredita que esse cenário também se manterá nos próximos meses. Ele lembra que a forte expansão do Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas no país, nos primeiros meses do ano, está em fase de “desaceleração”. Sem pressão inflacionária à vista, ele acha que o Copom pode optar pela manutenção da taxa Selic em 10,25%, uma vez que o país já conta com juros reais acima de 4,5% enquanto os Estados Unidos e países da Europa têm juros reais negativos.

Menos otimista, o presidente do Sindicato das Financeiras do Estado do Rio de Janeiro (Secif-RJ), José Arthur Assunção, projeta elevação de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros. Ele diz que a queda nos prognósticos de inflação sustenta a tese de que a economia não cresce mais nos níveis do início do ano, portanto “não será necessário um ciclo de ajuste tão forte da Selic como se previa anteriormente”.

Assunção reafirmou sua confiança no colegiado de diretores do BC. Segundo ele, “o Copom trabalha atualmente em sintonia fina, projetando a economia para longos períodos”. Razão pela qual acredita que o Copom adotará o procedimento que for melhor para o país, independentemente de eleições ou qualquer outro fator. Ele não vê mais necessidade de a Selic chegar a 12% ou 13% neste ano, como apostavam os agentes econômicos, e até imagina a possibilidade de a taxa de juros retornar ao patamar de um dígito já no início de 2011.

O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, também ressalta que apesar de os analistas apostarem, majoritariamente, em nova elevação da Selic em 0,75 ponto percentual, possível ajuste de 0,50 também “entrou no radar”. Fica evidente, segundo ele, que a postura da política monetária será alterada em breve, com provável diminuição do ritmo de alta em setembro, que pode, inclusive, marcar o fim do ciclo atual de aperto.

Leia mais: Futuro dos juros divide especialistas

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