Ferro: secretário admitiu que queda de preços das commodities está mais acentuada que projeções do governo (REUTERS/Beawiharta)
Da Redação
Publicado em 3 de novembro de 2014 às 17h15.
Brasília - A queda do preço internacional do minério de ferro e a situação econômica da Argentina foram os principais fatores que contribuíram para o resultado negativo da balança comercial – diferença entre exportações e importações – em outubro.
A avaliação é do secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho, ao comentar o resultado negativo de US$ 1,117 bilhão na balança comercial em outubro, o pior para o mês desde 1998.
Segundo o secretário, a forte base de comparação em relação a outubro do ano passado também interferiu no saldo negativo.
Em outubro de 2013, a plataforma de petróleo P-55, produzida em Rio Grande (RS), foi vendida a uma subsidiária da Petrobras com sede no exterior.
Registrada como exportação, a operação engordou o saldo da balança comercial em US$ 1,9 bilhão no ano passado, apesar de o equipamento não ter deixado o país.
Autorizada pelas normas comerciais internacionais, a venda não se repetiu em outubro deste ano, puxando o saldo para baixo.
De acordo com Godinho, o efeito estatístico da exportação da plataforma estava previsto pelo governo.
No entanto, ele admitiu que a queda de preços das commodities (bens primários com cotação no mercado internacional), principalmente do minério de ferro, está mais acentuada que as projeções do governo.
“O preço do minério de ferro caiu 20% no ano. Somente em outubro, a queda chegou a 40% em relação a outubro do ano passado. Se a mesma quantidade de minério tivesse sido exportada a preços de 2013, teríamos US$ 5,4 bilhões a mais de exportações em 2014”, declarou Godinho.
Por causa do minério de ferro, a China deixou de ser o principal destino das exportações brasileiras em outubro, sendo superada pelos Estados Unidos, o que não ocorria desde janeiro de 2013.
O secretário também destacou a queda da demanda da Argentina, como um dos fatores responsáveis pela queda das exportações neste ano.
“A Argentina é o nosso terceiro parceiro comercial e o principal comprador de manufaturados brasileiros. Até o momento, as exportações para lá caíram 27% no ano. As vendas de manufaturados caíram 29%. Somente as exportações de automóveis [para a Argentina] têm queda de 44% em 2014”, ressaltou.
Outros produtos, no entanto, registram bom desempenho em 2014. Beneficiada pelo fim do embargo da Rússia, a carne suína registrou recorde de exportação em outubro, com vendas de US$ 183 milhões.
Somente em 2014, as vendas de carne suína cresceram 17,1% em relação ao ano passado. Os embarques de carne bovina acumulam alta de 11,6%.